Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Vivência


Acredito que se tem algo que nos faça amadurecer, essa coisa é nossa vivência.
Somos produtos de nossas próprias experiências, sejam elas boas ou ruins, fracas ou fortes.

Quando saímos por aí procurando alguém pra dividir nossas vidas, acredito que procuramos uma pessoa completa ou pelo menos que tenha vivido tanto quanto nós.
Se você já bebeu, já fumou e já cometeu “pequenos delitos”, sabe muito bem que a emoção de ter passado por isso é única, e que cedo ou tarde a vontade de experimentar irá surgir na pessoa que nunca fez.
E me perdoem os puritanos, mas não se chega ao amadurecimento sem cometer algumas merdas pelo caminho.
Por isso quando me falam que bom partido é aquele que nunca fumou, nunca bebeu e tem horror às drogas, eu me pergunto: "Será mesmo?"

A vida é feita de fases.
Temos nossa infância, onde a única coisa que nos preocupa é se Papai Noel trará ou não o presente que desejamos.
Depois temos a pré adolescência, onde as meninas começam a descobrir a vaidade e os meninos descobrem as brigas.
Aí vem a adolescência e suas paixões fulminantes, misturado com a pouca liberdade e muito tempo disponível.
Logo depois a juventude e seu espírito de liberdade sem consequências, a rebeldia.
Chegam as bebedeiras, o abuso de drogas, e as experimentações.
Talvez seja a fase mais importante na formação da personalidade e do individuo na sociedade.
Logo depois nossa ideia de mundo começa a se formar com mais solidez, e já sabemos o que é melhor ou não pra nós mesmos.
Surgem as preocupações com o futuro e a procura por um emprego sólido, aqui os jovens adultos se não tiverem vivido o suficiente, começam a se perder.
Os que se salvam, montam famílias, traçam planos de aposentadoria, ou se amam ou se frustram.

Como poderia dar certo o relacionamento entre pessoas de estágios diferentes?
Um se preocupando com emprego e familia enquanto a outra quer sair pra encher a cara todo fim de semana.
Ou uma que enche a cara todo fim de semana enquanto a outra está presa em casa por não poder sair depois das 10 da noite.
Nunca dá certo.

Falando por mim, não desejo, nem quero alguém que tenha vivido pouco, ou muito mais do que eu mesmo vivi.
Já estive nos dois extremos.
Quando encontramos uma pessoa muito madura, a gente fica se esforçando pra alcança-la sem perceber que isso nunca será possível.
Não adianta tentar viver em um dia, o que a pessoa precisou viver uma década pra aprender.
Sem contar que a pessoa mais velha já tem toda uma história e você está apenas começando a escrever a sua.
Quando estamos com alguém muito mais novo, percebemos que é crueldade demais desejar que a pessoa amadureça tão depressa pra acompanhar nossa linha de raciocínio e nossos planos de vida.
E seria uma completa injustiça obriga-los a pular estágios que nós mesmos tivemos de passar um dia.

Cada fase é importante, ninguém deve pular nenhuma delas.
Por isso, se estiver procurando alguém pra estar ao seu lado, namore sim alguém mais velho, pelo menos uma vez e aprenda com ele.
Depois namore alguém mais novo, e ensine tudo o que aprendeu.
Depois caia na real, e encontre alguém que possa aprender e ensinar tanto quanto você.
Se entregue e evolua junto com a pessoa.
Escrevam suas histórias lado a lado.
Pra quando contarem suas histórias de vida perceberem que suas alegrias e tristezas foram compartilhadas plenamente.
E alegria compartilhada, é alegria eternizada.

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

De


Hey pequena sonhadora dos cabelos ondulados.
Queria poder fazer algo que aliviasse seu fardo, sua dor.
Sei exatamente como se sente, o coração bate fora do peito, a saliva parece não descer.
É tudo cinza, o tempo, as nuvens, até mesmo o arco íris.
Esse buraco negro que nos toma o chão, queima o peito e castiga os olhos.
Os raios dessa noite interminável ardem mais do que lágrimas que não conseguem nunca escorrer.

Eu queria lhe ensinar a voar.
Fazer com que borboletas reaparecessem e te fizesse sorrir.
Sua tristeza me dói, é compartilhada.
Teu sorriso é tão belo, menina.
Tuas esperanças tão puras.
Queria que ele visse o que vejo.

Esse amor enclausurado, essa confusão que tomou conta do que antes era amor.
A dor queima, dilacera, destrói tudo o que era belo.
Mas a calmaria vem pela manhã, isso vai passar.
Cedo ou tarde iremos sorrir e fazer piada do que hoje te assola.
Em algum futuro próximo ou distante beberemos chá nas nuvens enquanto crianças correm pelo jardim.
Com suas asas reconstrúidas e fortes como o mais belo raio de sol que chega ao amanhecer, transformará tua dor em literatura.
Teu desespero em promessas.
Tua lágrimas, em amor.

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Construção


Você domou meus pensamentos.
Não que isso seja tão difícil de fazer.
Sempre que aparece algo tão complexo e fascinante tenho o costume de me dedicar o suficiente pra deixar dominar meus pensamentos e tornar-lhe minha próxima obsessão.

Mas algo incrível acontece nesse minuto.
A força que exerce sobre mim é tão forte, que a mente passa a controla o corpo.
Sei que isso deveria ser o normal, afinal é assim que funciona com todas as pessoas, mas comigo não funciona assim.
Nunca funcionou.

Todos possuímos nossos próprios vícios, e o meu sempre foi a conquista.
Conquistar algo que pareça inconquistável, fazer com que a pessoa se entregue de corpo e alma à algo que ela jamais se entregaria, era minha maior diversão.
Sempre deixei meus desejos me guiarem, muitas vezes por caminhos obscuros e sem saída.
Quando sentia o cheiro da impossibilidade, meus pulmões se enchiam de um ar inebriante.
Um tipo de besta dentro de mim tomava o controle, e quando eu via, já estava com as mãos sujas de sangue.
Mesmo sabendo que me sentiria um merda no dia seguinte, eu acabava fazendo por pura fraqueza.

Você indiretamente tem ajudado a me controlar.
Inconscientemente, me pego destruindo pontes estáveis, me colocando à prova e resistindo a tudo o que antes me dominava, só pra estar com você.
Como se dissesse pra mim mesmo “Nenhuma conquista vale tanto o que ela sente, ou o que você sente por ela, não desperdice algo tão raro e belo à troco de algo tão efêmero”.

A cada prova que resisto sem a necessidade de resistir, a dúvida vai se diluindo e a certeza chega na maioria das vezes, fazendo-me até mesmo esquecer de que ainda existe a possibilidade de que volte atrás e me faça perceber que todo o esforço que fiz pra provar pra mim mesmo que é você quem eu quero foi pura perda de tempo ou esforço desperdiçado.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Blues da Piedade


Olho para vocês e vejo todo esse amor desperdiçado.
Insegurança e medo é tudo o que encontro por aqui.
Não existe mais paixão, altruísmo ou vontade de tentar.
Pode parecer assustador, mas mergulhar de cabeça às vezes faz bem.
Só não é feliz quem não tenta.

A felicidade não está tão longe de suas mãos.
Ela está nas coisas mais simples e bobas.
Não adianta tentar complicar tudo com medo de se fuder depois.
Geralmente é por medo de acabarmos sozinhos que nos tornamos pessoas solitárias.

Eu vejo vocês deixando de amar, desistindo de tentar por tão pouco.
Se parassem um pouco de procurarem problemas onde não existe, seriam de fato felizes.
Mas preferem se agarrar ao drama, a dúvida e ao rancor, e acabam assim, sozinhos,
enquanto o que mais desejam é estar ao lado daquela pessoa tão bela.

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Lembranças


Se você gosta de alguém, diga.
Demonstre tão cedo quanto sentir.
A gente nunca sabe quando essa pessoa irá partir de vez.
E quando ela se for, talvez você encontre seus diários e perceba que no fundo ela queria ficar, que uma frase sua, um gesto ou movimento poderia ter mudado tudo.
Você vai chorar, e vai sentir falta dela.
Mas vai ser tarde demais.

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sábado, 3 de dezembro de 2011

Desde que o Samba é Samba


Algumas pessoas culpam as comédias românticas pelas expectativas frustradas.
Eu culpo o rock britânico, o "triste rock britânico" citado em (500) dias com ela.
Não que eu não escute, eu escuto e adoro brit rock.
Mas os Beatles que me perdoem, na tristeza eu prefiro o samba.
O samba existe para nos fazer sorrir, não existe samba triste.
Como disse Caetano:

"O samba é o pai do prazer,
O samba é o filho da dor,
O grande poder transformador."

Faço das palavras dele, as minhas.
Estava aqui deitado, num quarto escuro me sentindo low, quite low.
Pensando nela e em tudo o que ficou para atrás.
Ao fundo tocava Let it be, e nossa, nunca antes havia parado e 'sentido' essa música.
É tão triste e melancólica.
Mais melacolia era a última coisa de que precisava.
Coloquei no Shuffle todos os meus albuns, e como se entendesse exatamente o que sinto,
Cartola falou por mim:

"Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre.
O meu sorriso é por consolação;
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração."

E em plena 3 da manhã, sozinho, eu levantei e sambei.

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Would?


O que você faria se um belo dia eu chegasse no que um dia foi nossa casa, abrisse a porta com a chave que ainda tenho, e lhe soltasse aquele sorriso torto de canto de boca que sempre lhe dava quando chegava de um exaustivo dia de trabalho?

Você me abraçaria como se o mundo dependesse daquele abraço?
Me beijaria como beijava com tanta poesia e encanto?
Correria pra cozinha mesmo com as unhas recem pintadas, como tantas vezes fez, pra cozinhar pro teu homem, teu amigo e escritor favorito?

Perguntaria como foi meu dia e o que a bruxa da Janaína tinha aprontado?
Pediria pra eu me apressar no banho pra poder assistir aquele episódio de Everybody Hates Chris que a gente já tinha assistido uma dúzia de vezes?
Se entregaria ao desejo mesmo sabendo que sua mãe chegaria em menos de 15 minutos?

Faria pipoca, me chamaria de gordo, me pediria açaí?
Perguntaria se estava afim de ver aquele filme novo que tem aquele ator estranho e bonitão que tem a barba parecida como a minha?
Sentaria do meu lado com aquela camisa da 'Guerra dos mundos' e me faria cafuné?
Pediria pra eu passar daquela fase IM-POS-SÍ-VEL do Spore?
Perguntaria: "Como é mesmo que se faz aquele macete no The Sims?" ?

Pediria pra eu cheirar seu cabelo e ir no mercado carregar aquelas bolsas enormes que sua mãe sempre pedia pra eu trazer?
Apostaria corrida no corredor da entrada do teu prédio enquanto me deixava pra atrás com aquele carrinho maldito que vivia batendo no meu pé?
Me trancaria do lado de dentro?

E se um belo dia eu chegasse no que um dia foi nossa casa, abrisse a porta com a chave que ainda tenho, e lhe soltasse aquele sorriso torto de canto de boca que sempre lhe dava quando chegava de um exaustivo dia de trabalho, você me amaria novamente?

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Eu odeio natal


Sempre me perguntam porque detesto tanto dezembro.
As pessoas me dão 50 motivos para adora-lo;
Inicio das férias acadêmicas, alta temporada para viagens,
duas semanas com feriados prolongados, muita bebida e comida de graça.
E o natal.

O dia do natal talvez seja o dia mais incerto para mim.
Eu nunca sei o que esperar.
É só desesperança, angústia, melancolia e solidão.
Lembro meus natais eram bons até meus 10 anos de idade.
Na verdade lembro de apenas de um, e por autodefesa talvez eu o tenha supervalorizado.

24 de Dezembro de 2000.
Estávamos todos reunidos como uma família feliz e unida.
Meus pais arrumaram uma farta ceia e convidaram todos os vizinhos.
Foi o auge de grana e fraternidade nessa casa.
Meu irmão ainda morava aqui com sua hoje atual esposa.
As coisas eram simples, eu nada tinha com o que me preocupar.
A única coisa que me deixava ansioso era o presente que encontraria sob a árvore colorida e enfeitada que sempre tivemos aqui.
Foi tudo perfeito esse dia.
Embaixo da árvore encontrei amor, carinho, e cuidado.

24 de dezembro de 2001.
Meu irmão já morava na casa da sogra com a esposa.
A reunião de familia aconteceu lá.
Tinha tudo pra ser um dos melhores natais da minha vida se não fosse por duas coisas.
1º Minha mãe veio me contar com a maior naturalidade do mundo que estava deixando meu pai.
2º Usou o argumento de que faria isso porque estava apaixonada por uma outra mulher.
Como se não bastasse isso, ainda veio pedir a minha aprovação, a aprovação de um menino de apenas 11 ANOS para abandona-lo.

25 de dezembro do mesmo ano.
Ao invés de brinquedo embaixo da árvore eu encontrei meu pai, em cima de uma cadeira, corda no pescoço ameaçando pular.
Com 11 anos de idade, a única coisa que você pode fazer ao ver isso é chorar.

24 de dezembro de 2002.
Campo Grande.
Longe de tudo, longe de todos.
Éramos só eu, minha mãe e um punhado de dor e miséria.
O que tinha embaixo da árvore? Nós nem tínhamos árvore.
Eu queria o meu pai.

24 de dezembro de 2003.
De volta à casa do meu pai.
Lamúrias, ameaças de vingança, um dos piores natais da minha vida.
Eu era obrigado a assistir Linha Direta sendo ordenado por ele para que prestasse atenção no que faria com sua ex mulher.
Eu queria a minha mãe.

24 de dezembro de 2004.
Bento Ribeiro.
Descobri o alcool e com algumas amizades perdidas me droguei até desmaiar.
Passei todo o dia 25 desintoxicando.
Eu queria morrer.

Em 2005 prometi pra mim mesmo NUNCA MAIS passar o natal com nenhum membro da minha familia.
É injusto ter de escolher ou meu pai, ou minha mãe.
Quando eles se reunem, eu não sei o que esperar encontrar embaixo da árvore.
O clima é tao tenso, que parece que algo vai explodir a qualquer minuto.
Natal é o melhor dia para se passar com a família, mas quando não se tem uma família, natal passa a ser o pior dia do ano.

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

O mito de Thaty Ohara


Acho que todo mundo aqui já ouviu em alguma etapa da vida aquele conselho de:

"Se você quer muito alguma coisa, deixe-a livre. Se ela voltar será sua para sempre,
se ela não voltar, nunca foi sua de verdade."

Isso pode até funcionar em livros e roteiros de cinema onde a história foi escrita ao redor dos personagens principais, mas na vida real acreditar nesse tipo de coisa é pura besteira.

Primeiro porque não existe pessoa certa, ninguém é de ninguém.
Acreditar que dentre todas as pessoas do planeta exista uma pessoa certa pra nós é presunção demais, ou (que me perdoem a palavra), uma tremenda burrice.
Deixe-me ilustrar melhor minha teoria:

No mundo existem cerca de sete bilhões de pessoas.
Vou até colocar os zeros pra que fique evidente a grandiosidade do número.
7.000.000.000!
7 bilhões de pessoas é gente pra caralho!
Se existisse uma pessoa certa dentre todas essas, a chance de você encontra-la é de um pouco mais de 0,0000000001%.
E mesmo se encontrasse as chances de não perceber que ela é a pessoa certa é muito grande.
Afinal, não existe um código de barras ou tatuagem que comprove isso e o ser humano tem uma tendência a piscar quando passa um momento importante bem embaixo de seus olhos.
Então desista de procurar, não existe uma pessoa certa.

No mundo real o que existe são possibilidades.
Possibilidades e objetivos em comum.
Se você encontrou alguém que te completa nos quesitos físico, psicológico e emocional, ela é a atual pessoa certa pra você.
Se os planos pessoais de vocês dois pra daqui a 5 anos se encaixam, fique com ela.
Não deixe-a ir acreditando que ela voltará se for o amor da sua vida.
Esse mundo é grande e mal, cheio de reviravoltas e pessoas interessantes.
Se deixa-la ir, vai correr o grave risco dela encontrar uma outra pessoa interessante e acabar esquecendo você.

Como diz Caetano Veloso:

“Porque você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?

E se ela de repente me ganha?”


O pior de tudo é que muitas das vezes a nova pessoa não é nem 10% do que a anterior foi importante um dia.
Eu mesmo já passei por isso, e vou te falar, dói mais do que um soco no estômago.
Dói porque quando a gente percebe, tudo já está perdido e você se culpará pra sempre por ter deixado aquela pessoa passar. Não haverá mais nada que você possa fazer.
E sim, você também pode encontrar alguém interessante.
Mas porque diabos arriscar perder uma pessoa interessante que você JÁ ENCONTROU?
Mais vale um pássaro na mão, não é verdade? E as chances de alguém te completar nos 3 quesitos é muito pequena.

Então se você conhece alguém que te ama tanto quanto você a ama, que te completa e tenha os objetivos futuros em comum, lute até o final. Não abra mão.
Você pode nunca mais encontrar alguém tão especial.
Se você ama, cuide, arrisque sem medo de sofrer.
Mais vale sofrer acreditando que tentou até o final, do que abrir mão e acabar se culpando pra sempre por ter deixado essa pessoa passar.

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O acerto


Quando sentei de frente pro computador minha intenção era escrever algo triste sobre como duas pessoas que se amam conseguiram estragar algo tão belo.
Sobre como tinham tudo pra ficarem juntas pra sempre, e agora nunca mais se verão.
Mas não, não vou me agarrar ao drama dessa vez.

Por mais que você leve com você a certeza de que foi um erro, eu sigo pela contra-mão.
Não me arrependo nem um pouco de ter vivido essa história deliciosa e complicada ao seu lado.
Você é uma pessoa MUITO especial.
Vou guardar na lembrança a menina sonhadora que eu conheci em uma balada lotada.
Os momentos bons que tivemos enquanto estava tudo bem.
As mágicas, os segredos, as histórias pra dormir.
A vez que você me apresentou Cazuza e cantamos juntos o 'Blues da piedade'.
A noite em que peguei no sono com você sussurrando em meu ouvido a história da Dona Baratinha.
Vou lembrar de você rolando por cima de mim com uma felicidade verdadeira estampada num sorriso.
É esse tipo de coisa que sentirei falta.

Amor, o que sentimos pode ter sido confuso, mas foi puro.
Mesmo que agora só reste cinzas, defeitos e rancor.
O que eu sinto ainda é puro e sempre será.
Éramos duas crianças desesperadas que se agarravam uma na outra por não ter pra onde ir.
Quando eu tinha algo bom pra contar era com você que eu queria compartilhar,
quando estava desesperado, era você a primeira pessoa pra quem eu ligaria.
Não acredite que você me fez mal.
Você também me salvou.
E me ensinou tanta coisa.

Agora depois de reler seu texto pela 20ª vez em 5 minutos, eu deveria te odiar, mas me coloco na tua pele, e percebo que você tem mesmo razão em me julgar daquela forma.
Foi essa a imagem que pintei pra você.
Ao me colocar na tua pele, eu vejo o quanto fui cruel em te pôr tantas dúvidas.
Por mais que tenha lhe dado mil motivos pra que acreditasse que sou um monstro, acredite, eu não fiz por mal.
Me dói tanto ter destruído a certeza tão bela que você tinha.
É que tenho mesmo essa mania feia de ser duro demais com as pessoas que gostam de mim, e acabo sempre fodendo tudo no final.
É assim com todo mundo.
Mas acredite o que eu sinto é mesmo sincero, é incondicional.

Sabe, se eu pudesse eu voltava pra'quela catedral e viveria tudo novamente.
Foi tudo tão perfeito.
Era tudo novo e o que sentimos bastava.
Éramos nós dois contra o resto do mundo.

Agora que você se foi, os dias vão passar, as noites vão seguir.
Ficarei mal por um tempo, droga, só Deus sabe como ficarei mal.
Mas não ficarei pensando nas coisas ruins que aconteceram.
É que sempre que eu deito na minha cama com lágrimas nos olhos e tento te odiar, eu acabo olhando pro teto e vejo aquele catavento ali, tão simples, puro e colorido.
O mesmo catavento que estava quebrado e você consertou, fazendo-o funcionar novamente.
E quando isso acontece, é como se você se materializa-se aqui do meu lado, vestida com minhas roupas, e falasse baixinho em meu ouvido, "tudo vai dar certo, amor" e
me mostrasse que ainda é possível amar, mesmo em tempos tão difíceis.

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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ode ao Feminino


Eu amei todas as mulheres.
A mulher que amo hoje que me desculpe, mas eu amei todas as mulheres.

Esse meu fascínio começou cedo.
Fui criado rodeado de mulheres, em especial lembro-me de minha irmã mais velha.
Talvez tenha sido a primeira mulher que amei, que desculpe minha mãe.
Mas lembro-me da primeira vez que a vi nua, pelo reflexo do espelho acreditando que não seria pego.
Lembro do corpo branco e magro, da maneira perfeita que ele se movia.
Desde o quadril mais largo que o tronco, até a bunda pequena e firme que outros tanto desejaram.
Lembro-me dos pêlos pubianos e de como aquilo era simétrico.
Aos 6 anos de idade tive minha primeira ereção.

Eu fui crescendo, e meu desejo aumentava.
Aos 10 anos conheci a pequena que me faria amar cabelos cacheados para o resto da vida.
Meu primeiro beijo inocente, minha primeira paixão, o primeiro corpo que toquei.
Musa de minhas primeiras cartas de amor, dona de minhas primeiras lágrimas de desespero.
Abandonou-me e partiu sem se despedir.

Chorei por meses e resolvi mudar-me.
Aos 11 fui morar bem longe da realidade que conhecia, mas ainda pensava nela.
Até conhecer um verdadeiro diabo num corpo celestial, a menina que me faria marcar cada árvore daquele lugar com suas iniciais.
Logo me esqueci da primeira.
Com essa aprendi a interpretar e adorar o descaramento e cinismo que só uma mulher consegue ter.
Cabelos escuros e olhos negros como a noite, meu primeiro beijo amoral, o desejo começara a nascer.

Aos 13 conheci a mulher que me faria amar de verdade as mulheres.
Conheci cada problema e dúvida que aquela representante do sexo feminino possuia.
Cabelos negros e cacheados, um sorriso torto e inesquecível.
Descobri como lidar com TPM e amei-as mais por descobrir que elas sofriam uma vez por mês para que nossa espécie fosse preservada.
Entreguei-a meu corpo, minha alma e minha inocência.
Amei-a cada dia dos curtos 5 anos que vivi ao lado dela.

Aos 18 dediquei-me a literatura.
Apaixonei-me por Capitu, Lolita, Sylvia Plath e Ana C.
Essas duas últimas que me acompanham até hoje.
Estudei cada verso, interpretei cada angústia, decifrei cada código.

Aos 19 me perdi pro meu vício.
Me afoguei numa overdose de gostos e cores, indiscriminadamente.
Não me julguem, fui mais vítima do que sedutor.
Nunca tive escolha.
Eu queria conhecer todas as mulheres, todos os tipos, tamanhos.
Cada mulher era um mistério a ser desvendado.
Me dediquei a ouvir as histórias, os relatos dos amores antigos.
Dediquei-me a conhecer seus sonhos, esperanças, agonias e sofrimentos.
Ruivas, loiras, morenas e mulatas, eu amei-as todas de todas as formas que eu pude amar.
Amei-as de tal forma que nenhuma mulher que me teve pode dizer que não foi amada uma vez na vida.
Nem que tenha sido por uma noite, um segundo ou por toda eternidade.

Hoje aos 20 ainda tenho muito o que aprender e desvendar.
Mas asseguro-lhes que se eu morresse agora e existisse a tal da reencarnação,
Eu reencarnaria no corpo de um homem perfeito.

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Segure-me firme, eu caio.


Fico procurando motivos pra entender porque esse nosso relacionamento é tão diferente.
Porque está tudo tão calmo e completo, mas ao mesmo tempo me sinto mal, como se tivesse sempre faltando alguma coisa.
Nem a paz, nem a calma parece nos satisfazer, a chama parece não aquecer.
Fico vendo passar abismos entre nós, e por mais que me esforce, não consigo nem mergulhar pra te salvar, nem cair fora daqui, fico parado.
Esperando o abismo sumir.

Eu tenho um medo danado de você, assim como o mar, algo me impede de ter coragem o suficiente pra mergulhar de cabeça.
Fico deixando sempre metade do corpo pra fora, com um medo insuportável de acabar nos iludindo.
Sempre fui tão quente e hoje me sinto tão frio.

Não acredito que seja falta de desejo, oh! Quando estamos sozinhos não desejo outra coisa.
Essa insegurança se vai, não desejo mais nada nem ninguém.
Estar ao seu lado, é tudo o que quero, é o que me faz forte.
Mas assim tão distante é como se você me consumisse.
Me pego tentando advinhar o que poderia te prender, chamar sua atenção e lhe fazer desejar-me como no início.
Fico lendo teus textos, procurando palavras chaves na internet, revirando seu passado, sua história, fico atrás de algo que eu pudesse adaptar, me transformar no que te agrada e não consigo.

Sabe, no começo quando você me olhava seus olhos brilhavam tanto, tu me fazia sentir o cara mais foda do universo.
Mesmo sabendo que eu estava longe disso, eu me sentia bem.
Agora esse brilho mudou.
Antes me olhava com uma paixão e um desejo estonteante, como se eu fosse um pedaço de diamante que reluzia sob seus olhos.
Hoje, no seu olhar encontro apenas dúvida.
Como se procurasse em mim um motivo por ter gostado tanto outrora.

Sinto como se fizéssemos parte de mundos diferentes, como se seguíssemos por caminhos opostos que nunca se cruzam.
Talvez eu esteja passando por uma dessas crises de insegurança que todo casal passa no começo de um relacionamento,
Eu não sei bem, mas tem algo em você que me diz que ainda não é minha, e talvez nunca será.

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domingo, 13 de novembro de 2011

Alquimia


Se é amigos que tu queres, não precisas procurar.
Se amigo diz que é, ele irá lhe apunhalar.
Mantenha-se na tua, paz profunda encontrará.
Quando mais perto dos homens, mais tristeza tu terá.

Se algo não te soma, aos poucos te reduzirá.
Se nada te cativa, consumido tu será.
Quando ages com amor, só bondade receberá.
Se houveres só paixão, logo cedo acabará.

Não tolere levianos, fique longe tu verá.
Que quanto mais longe possível, mas sensível tu será.
Circunda-te de rosas, e teu coração florescerá.
Misture-se aos porcos, e porco logo se tornará.

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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Eu não gosto de DJ


Não gosto do apelo eletrônico, das batidas repetitivas ou do pouco caso com a poesia.
Não gosto da falta de respeito na remodelagem do que já foi feito.
Não gosto da mistura entre o velho e o novo.
Eu não gosto da parafernálha tecnológica e da discrepância entre a "falta de movimento" digital com o real significado do rock.

Eu gosto do som do velho Rock n Roll que muitas das vezes é falho e imperfeito.
Eu gosto do suor que escorre num solo de guitarra, do dedo que sangra, da garganta que dói num agudo gritado.
Eu gosto da simplicidade do samba e da poesia da MPB.
Eu gosto do violão, do batuque no boteco, das composições que refletiam o pensar.

Eu prefiro uma dança de rua a um ritmo vicioso.
Eu prefiro solos numa bateria a meros toques num computador.
Eu prefiro deuses antigos a astronautas.
Eu prefiro um show de rock a uma balada sem vida.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ouro de tolo


Aos 45 anos terei cabelos brancos representando minha maturidade, mas compridos de uma forma que me lembre o quanto fui feliz na juventude.
Terei uma coluna semanal de opinião em algum jornal grande como O globo e receberei cartas de pessoas que se identificam com todo aquele meu pensamento utópico.
Estarei morando em uma casa afastada, de madeira e com lenha, trabalhando no roteiro do meu romance escrachado que atingiu a sociedade como um tapa na cara.
Estarei lamentando o tempo que perdi, os 3 divórcios que terei nas costas, mas terei muitos quadros e fotos.
Talvez meu filho venha me visitar nos fins de semana, ou talvez ele me odeie por ter me tornado tudo aquilo que um dia detestei.
Não terei animais por não ter paciência.
Minha estante estará lotada de livros que nunca li e que não dizem absolutamente nada.
Aos 45 anos viverei de passado.
Lamentarei o presente
E estarei conformado com um futuro absolutamente só.
E mesmo só, terei uma mulher 20 anos mais nova, que logo logo se tornará minha próxima personagem principal de um romance dramático,
na qual uma garota ambiciosa se relaciona com seu escritor favorito e almeja tomar seu lugar.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O segredo


Levante e se mostre pro mundo querida, grite que minha dona é você.
A minha alma pede teu grito, já não me basta calar e esquecer.
Um dia todo teu hei de ser.
Regue meu jardim e me ensine a viver.
Amo-te e divulgo teu nome à quem tem olhos pra ver.

Basta de histórias que não precisamos saber.
Inteligente é quem sabe que é perda de tempo sofrer.
Ainda é cedo, mas já não temos tanto tempo a perder.
Logo estará tudo tão calmo ou cansado.
O que hoje é dor, amanhã se torna passado.
We know we only live once.
Agora que já sabe o que sinto, só me resta a palavra manter.
Se já descobriste o segredo, o que mais posso eu fazer?

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

De Olhos Bem Fechados


Tenho evitado qualquer tipo de assunto sobre o passado, principalmente se tratando do passado sexual.
Não por ter algo a esconder, mas por ter a noção de que a pessoa que irá ouvir jamais saberá com precisão o que foi feito e a maneira como tudo aconteceu, o que
abrirá um leque pra suposições sujas e imorais.
Esse tipo de informação não é nem um pouco útil pra NINGUÉM, muito menos pra atual namorada.

Se você pensa em ter um futuro com alguém, um conselho que lhe daria é pra que se esforce pra saber cada vez menos detalhes sobre os relacionamentos anteriores dele/a.
Querer saber detalhes da intimidade que nosso atual parceiro teve com os que passaram é cavar a própria cova.
Contar nossos detalhes é dar a liberdade pra sentirem nojo de nós.
O que foi feito, foi feito, deixe lá guardado no canto da memória, controle essa vontade de se auto afirmar e mantenha a língua dentro da boca.
Não conte e não queira saber.
Vai doer lembrar que outras pessoas já estiveram sobre aquele corpo que hoje em dia nos é tão caro.
Somos todos egoístas, sentimos essa necessidade de sermos os únicos.

Aos 15 anos, virgem, comecei um relacionamento com uma mulher bem mais velha e experiente.
Me sentia um merda sabendo que ela já tinha tido uns 8 parceiros enquanto eu ainda estava na primeira.
Em saber que enquanto só ela me teve, outros caras tocaram aquele corpo nu e gozaram num corpo hoje tão meu.
Eu sentia um nojo fodido dela as vezes.
Sei que não faz o menor sentido ter dado tanta importância a isso, mas porra, ela vivia me lembrando que tinha tido outros caras antes de mim
e que provavelmente eu acabaria querendo transar com outras mulheres que eu acabei acreditando nisso.
A frustração era tanta que eu terminei algo que tinha tudo pra dar certo só pra sair enfiando meu pau em qualquer buraco supervalorizado que se abriria pra mim.
Talvez se eu tivesse parado lá, com a mulher que me despira da inocência, eu tivesse sido feliz.

O sexo foi uma das coisas mais puras que a natureza nos deu.
Toda aquela intimidade, aquela sensação de dois corpos se tornando um por alguns instantes é no mínimo sagrada.
Ou pelo menos deveria ser.
Acontece que o ser humano, assim como fez com muitas outras coisas belas, acabou transformando-o em uma coisa extremamente suja.
O sexo banalizou de tal forma que acabou virando o produto comercial mais vendido.
Todo mundo te julgará por conta dele e sabendo disso as pessoas se esforçam ao máximo para parecerem o mais ativas e experientes sexualmente, que saem contando detalhes que deveriam ficar entre
quatro paredes.

Animais ignorantes que não conseguem controlar o próprio instinto, essa é a descrição da sociedade moderna.
As pessoas se entregam tanto ao próprio desejo que acabam esquecendo que o mundo nos cobrará cedo ou tarde por tudo o que fizemos.
E irá transformar em dor todo o prazer que nos entregamos.
Nunca parei pra conversar com ninguém sobre isso,
Mas as vezes acho que a única forma de ser feliz depois de tudo o que fiz é arrumar uma mochila, pegar um ônibus sem destino e começar do zero num lugar onde ninguém me conhece.

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Rock está morto


Na minha adolescência era tudo mais verdadeiro.
O rock estava mesmo nas ruas.
Lembro dos meus 13 anos na praça de Rocha Miranda bebendo vinho barato e discutindo sobre câncer nos hamburgueres do McDonald's.
Lá tinhamos punks, grunges, farofeiros, metaleiros e até góticos com seus sobretudos e unhas pintadas.
Tinha toda aquela sensação de revolução nas esquinas, um grito silencioso ecoava da atitude de cada pessoa vestida de preto naquele lugar.
Não existia vergonha.
Nós enfrentávamos nossos pais que muitas vezes não suportavam a idéia de ter um filho roqueiro.
Ser roqueiro naquela época era dar a cara a tapa, ser chamado de marginal e levar fama de não tomar banho nunca.
No passado a gente literalmente batia cabeça ao som de Offspring, e as baladas eram em bares sujos e mal vistos por toda a sociedade.
Hoje em dia nem mais isso temos.

As pessoas hoje sentem uma necessidade de se auto afirmarem.
Sentem vergonha de se expressar, e acabam se tornando "alternativas".
Se vestem com roupas caras e estranhas, fingem dançar cada vez mais e gritam cada vez menos.
A agressividade perdeu a vez pro glamour.
Os roqueiros hoje em dia se acham a última bolacha do pacote.
Acham que são a última tendência e estão abalando.
Perdemos toda aquela antiga sensação de liberdade.

O Rock antigamente libertava, hoje em dia ele aprisiona.

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Objetivo


Não se trata de ser um fodão, ou ser diferente ou especial.
TODOS somos iguais, não existe essa merda de gente especial.
As pessoas são diferenciadas pela maneira como vêem e sentem o mundo.
Eu sinto demais e não gosto nem um pouco do que vejo.
Não me acho superior a ninguém, e não sou de julgar.
As realidades são diferentes.
Ou você aceita a sua, ou vai acabar se odiando.
Eu odeio a minha.
Odeio porque hoje sou exatamente o que sempre quis ser. Tenho tudo o que quis ter, e agora me pergunto: "E agora?"
Segundo o mito de Platão, eu sai da caverna.
E como no mito, sou tido como louco.
Acontece que me arrependo muito de ter saido de lá de dentro, a "caverna" é segura, aqui fora não.
A ignorância é uma espécie de benção, meu caro.
E o que mais me dói é saber que com tudo o que sei e que vejo, não se pode voltar atrás.
A inocência já foi perdida faz tempo.

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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rio de Janeiro, 4 de outubro.


Eu não sei sobre o que escrever.
Passo o dia todo aqui dentro desse quarto quente esperando que alguma coisa aconteça, que alguém me ligue e me tire do tédio.
Eu me agarrei a esse tipo de esperança boba sabe-se lá o porquê, ela diz que é tudo culpa das comédias românticas.
Talvez seja mesmo.
To aqui dividindo meu tempo entre documentários de 10 minutos e pesadelos de 1 hora.
Nunca sei se meu suor ao acordar é causado pelas ondas do mar que me atacam nos sonhos ruins e por conta desse edredom que insisto em usar mesmo nos dias quentes.
Nada aqui é tão calmo quanto parece.
Minhas únicas companhias durante toda a semana têm sido meus gatos e meus medos.
Tenho tido pesadelos frequentes e to a quase 7 dias sem escrever nada que preste, nada que valha a pena ser publicado.

Fico aqui me perguntando porque meu desktop está lotando de textos e contos inacabados.
Eu sei lá!
Antigamente culparia minha calmaria, sim, estou numa paz agoniante.
Sereno.
Entediado, mas feliz.
O que tira minha paz mesmo é tentar escrever na terceira pessoa e não conseguir, é aí que me bate uma angústia...
Meu romance está parado na página 12 e tenho tantas histórias que não consigo sequer começar a digitar.
To precisando de uma abordagem nova.

Já arrumei o quarto, assisti filmes e musicais e nem assim a inspiração veio, eu simplesmente desisti.
Engraçado, meu quarto estava uma zona hoje cedo e eu me sentia bem, agora que está tudo no lugar sinto ele tão vazio...
Enfim, acabei de fazer um currículo, coisa que jurava que jamais faria em toda vida.
Me senti mal, como se estivesse novamente vendendo meu tempo e minha alma pra esse parasita chamado consumismo.
Isso é culpa do tédio.
Grana eu até consigo, mas o que quero mesmo é ocupar meu tempo.
Quero voltar no tempo.

A dois, três anos atrás costumava ler uns 3 livros por mês.
Passava horas lendo enquanto cruzava a cidade do Rio de Janeiro de ponta-a-ponta dentro de ônibus vazios e solitários.
Conhecia pessoas novas a cada anoitecer, e contava-lhes minhas histórias passionais que jamais contaria pr'um conhecido.
Eu não tinha medo de nada.
O mundo era algo estranho, tudo era vida e cheirava a novidade.
Me sentia bem conhecendo cada canto dessa cidade atormentada pelo calor e violência.
Descobri histórias coesas e lugares que me pertenciam.

Lembrando-me disso percebo que o quanto é engraçado nossa realidade.
O quanto tudo é passageiro e volúvel.
Costumava sair do trabalho ao pôr do sol e passava horas no forte de Copacabana ou na praia do Leblon fumando um cigarro e escrevendo sobre consumismo e a morte.
Escrevia sobre morte não por depressão, mas por ser um assunto ainda misterioso pra mim, eu amava a vida e cantava o amor aos quatro ventos.
Olhava aquele mar lindo lá embaixo, refletindo as luzes que as estrelas jogavam na Terra, eu achava tudo belo.
Naquela época o mar não me assustava tanto e a morte não era um assunto batido.
Hoje o mar me apavora.

A menos de 40 minutos enquanto dormia com as luzes acesas e o computador ligado no meio de um documentário sobre a vida de Renato Russo, eu apaguei.
Sonhei que estava em Angra dos Reis numa época que nunca vivi.
Como aquele lugar era lindo quando eu estava lá no sonho.
Sonhei que alguma sereia, desculpe-me a falta de um nome, pegava-me pela mão e mostrava-me que o mar não era algo tão perigoso quanto eu acreditava ser.
E realmente não era.
Aquele mar calmo na noite calma que seguia chegava a ser admirável.
Não tinha onda alguma, só o vento suave que acariciava meu rosto como se quisesse seduzir-me.
Eu me entregava àquele prazer.
Até que o tempo rapidamente mudou e as ondas começaram a se formar com uma força surpreendente.
Agarrei-me àquele ser mitológico metade mulher, metade peixe e levei sua mão a altura do meu peito, mostrando-lhe o quanto meu coração batia assustado.
Ela tentou acalmar-me, dizendo-me que as ondas não chegariam até mim.
Levei-me pela calma que sua voz suave e confiante passara.
E fechei os olhos, como quem cobre o rosto pra não ser afetado pelo mundo de fora.
Voltando a abri-los me vi como se estivesse sobre um punhado de areia no meio das águas rasas, sozinho.
As ondas batiam na costa e eu gritava por socorro.
As águas não vinham somente do mar pra areia, como deveriam vir, mas também da areia pro mar, cercando-me em todas as direções.
Desesperado fui engolido pelas ondas.
Acordei encharcado de suor.
Arfando.
Passei a mão nos cabelos molhados, e senti o cheiro de mar.
Minha pele estava salgada, minha cama estava molhada, minhas mãos cheiravam a sereias.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ópio da humanidade


Minha igreja é teu inferno,
Minha religião teu martírio,
Minha maçã, teu veneno.
Seu ideal um empecilho.

Ninguém me cria,
Ninguém condena,
Ninguém me julga,
Ninguém liberta.

Não tenho pecado algum,
Minha vontade é meu templo.
Não acredito no inferno,
Sua paz, meu tormento.

Meu salvador é humano,
Meu criador é minha dor,
Meu paraíso é um rock,
Meu mandamento é o amor.

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Satisfaction


Se eu lhes dissesse que minha vida foi difícil, que um dia me faltou algo, estaria mentindo.
Tive sim meus problemas na infância, mas não posso negar que isso não me impediu de ter tudo aquilo que desejei, na hora que desejei.
Carro, grana, mulheres.
Nunca precisei acordar mais cedo do que deveria.
Jamais mendiguei por pão ou atenção.
Bastava alguns telefonemas e minha solidão conseguia ser adiada para a manhã seguinte.
Talvez tenha sido esse meu grande problema.

Quando você tem tudo o que quer, na hora que quer, as coisas perdem um pouco o sentido, sabe?
Nada em abundância é valorizado.
Nem dinheiro, nem amor, nem sexo, nem paixão.
As coisas tendem a se desvalorizar e perderem o nexo com o passar do tempo e da inércia gerada pelo acumulo do que não precisamos, nasce a insatisfação.
Essa é a sina de quem tem sorte no jogo, não se satisfazer jamais.
Quando percebemos que tudo foi fácil demais, nos vem aquela pergunta capciosa:
"E daí? E agora? O que faço da minha vida?"
Eu sinceramente não sei responder.

Fui acostumado a esperar que as coisas fluíssem naturalmente.
Sempre me deixei levar pela maré.
A inércia tomou conta de mim de tal forma que acabei muitas vezes vivendo do ócio.
Nesse grande circo que é viver, meu maior vício foi ter me agarrado a qualquer coisa brilhante que pudesse me livre um pouco do tédio.
Assim eu só me afastava cada vez mais das respostas que procurava.

Já tentei música, fotografia, artes e romances.
Proclamei-me religioso, ateu e até mesmo adorador do diabo.
Já viajei pelo Brasil, li bíblias e auto-ajudas, dediquei-me a conhecer meu passado.
Já me droguei, matei, roubei e fui roubado.
Consultei cartas, búzios e tarô.
Procurei tanto que acabei me perdendo.
Nada ficou no lugar, tudo ficou pelo caminho.

Minha geladeira está cheia de cerveja e eu nem sequer suporto o gosto.
Minha carteira está cheia de papéis dos quais não servem pra nada.
Minha gaveta está cheia de diplomas que tenho vergonha em mostrar.
Minha vida está cheia de histórias que nem sei pra quem contar.

Hoje posso afirmar que tenho tudo que sempre quis ter.
E no entanto tenho absolutamente nada.
Como dizia Renato Russo, estou de saco cheio de me sentir vazio.
Nada me satisfaz, nada me alegra.
Talvez eu não passe de um grande derrotado.

Mas não vá contando vitória, você não é tão diferente de mim.
Temos tanta coisa importante pra fazermos e ainda assim preferimos definhar de frente pr'um computador enquanto nossas vidas passam sorrateira pela linha do tempo sem deixar vestígio algum.
Somos seres insaciáveis num mundo já saciado, somos pesos mortos na história.
Já perdemos tudo pelo que valesse a pena lutar e agora vagamos nessa grande rede do tédio.
Nossa juventude já teve de tudo, e ao mesmo tempo nunca tivemos nada.

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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Manifesto Suicida


Tenho pensado muito em suicídio ultimamente.
Sou bastante frustrado por nunca ter conseguido levar esse plano adiante.
Eu queria ter coragem, sabe?
Tomar todos esses medicamentos de uma vez, ingerir um pouco de álcool e definhar até meus sentidos desaparecerem por completo.
Eu queria ver o estrago que isso poderia causar.
Queria ver como é do outro lado.
Ver se existe mesmo Deus ou perdão.
Me sinto tão perdido aqui.

É como se o mundo não fosse bom o suficiente pra mim.
É tudo pesado demais.
Eu quero ser livre.
Meu corpo é pequeno demais pra mim, uma prisão na qual não consigo ao menos ficar de pé, minha mente é meu pior purgatório.

Eu queria sentir menos, queria mesmo ser ignorante.
Gritar no travesseiro não tem adiantado muita coisa.
Eu escrevo, escrevo, escrevo e o peso continua aqui dentro.
O grito continua preso na garganta.
O buraco continua aumentando e está ficando cada vez mais difícil enxergar algo belo.
- "O coração é como um punho cerrado."
Ouvi em alguma peça de teatro, e já estou tão cansado de lutar.

Essa merda de sociedade não ajuda em muita coisa, nos tira a esperança desde o nascimento.
Temos todas essas regras ineficáveis e esses dogmas estupidamente ultrapassados... arhg!
Pessoas que deveriam se ajudar, se matam por conta de pedaços de papel.
Enfiem essa grana no cu!
Não quero ser bem-sucedido, não quero seu dinheiro ou seu espaço-no-mundo.
Não quero me vender pra comprar essas coisas que nem mesmo preciso.
Eu quero ir embora daqui.

A humanidade está fadada ao fracasso.
Nem sei como ainda não explodimos de tanto ódio e rancor.
Bombas de nêutron, hipocrisias, idiocrassias, me dão tanto nojo.
Eu não pertenço a esse lugar.

Desde pequenos somos levados a acreditar pelos contos de fadas e nas letras de músicas que encontraremos o amor altruísta, que seremos felizes no final, mas cadê?
Só o que vejo é medo, insegurança e egoísmo.
Ninguém tem amado ninguém pelo que a pessoa é.
Sou toda essa mistura de idéias e questionamentos, eu deveria me amar e no entanto me odeio.

A gente é tão fraco que vive cada minuto tentando encontrar alguém que nos dê um motivo.
Estamos tão desesperados que nos agarramos na primeira pessoa razoavelmente bonita que nos dê carinho e um pouco de atenção.
Não adianta, assim como todo divórcio começa com um pedido de casamento, todo coração começa a se partir no exato momento em que é reconstruído.
A gente sempre se fode no final e continuamos tentando, é um prazer bastante masoquista.

Nem o conceito de Deus me mantém no lugar.
Eu queria mesmo cair de joelhos e rezar pra algo que realmente exista e se mostre pra mim.
Mas quando faço isso só escuto o retorno da minha própria consciência pesada respondendo com as piores palavras os meus próprios dilemas imorais.
Queria encontrar meu lugar, deitar eternamente em berço esplêndido e dormir ao som do mar e a luz do céu profundo.
Mas aqui onde estou, nessa cama grande e vazia, só existe solidão e melancolia.
Nem dormir direito consigo.

A verdade é que por detrás desse cara aparentemente forte, existe uma criança desesperada gritando por socorro.
Um órfão, perdido num mundo que talvez jamais o compreenderá ou será compreendido por ele.
Somos loucos-fora-da-caverna.
Um lugar de valores corrompidos que corrompem até o que nunca se corromperia.
Tudo aqui é um paradoxo doentio, um ciclo vicioso e bastante perigoso.
Estamos todos perdidos e desamparados.

Não há muito o que fazer.
Talvez tudo não passe de uma grande piada que eu ainda não entendi,
ou talvez eu esteja realmente ficando louco.

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sábado, 24 de setembro de 2011

Epílogo


Talvez seu cheiro seja a única coisa que ainda gosto em você.

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