Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Losing game




A paixão é um vicio egoísta. O apaixonado quer para si unicamente o que ele mesmo não doa unicamente para ninguém.
Eu te amo não existe agora, existe o amo tanto a mim quando estou com você, visto que o amor tem o hábito de fugir quando chega a escuridão.
Aí vem a desordem e o conflito interno.
Ele se culpa por ter vendido sonhos demais, sofre prevendo o futuro daquilo que não possui certificado de garantia.
Um caos total e absoluto o toma.
Corações se partem tão frágeis quanto inocentes.
Menos um puro no mundo.
Não consegue dividir-se em muitos, nem mesmo tornar-las uma única mulher.
Adia o inadiável até que o previsto acontece.
Ela começa a queixa-se de que ainda paga pelo produto que antes parecia funcionar, já ele alerta de que no inicio não havia lhe dado garantia nenhuma.
Uma luta perdida.
O amor é um jogo de azar, você sabe bem que vai perder, mas se destrói pelo simples prazer de jogar.

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Eclipse


No amanhecer cada raio daquela nova luz é contagiante,
sonhos são vendidos, planos são traçados, as promessas jogadas ao ar.
No entardecer o amadurecimento daquelas idéias,
faz perdurar os feixes instáveis de aurora.
Crepúsculo chega, as formas se tornam menos nítidas,
os olhares cansados, a previsão do que está por vir angustia.
A lua surge então no horizonte, as brigas,
a gritaria, os pratos quebrados e o fim.
Lágrimas escorrem na madrugada,
a desesperança de um amor perdido.
O sono vem, adormecem em camas diferentes.
Até que então o sol insiste em nascer, e começa tudo outra vez.

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Abstinência


Uma gota de suor escorre por entre as têmporas, um grito abafado em meu travesseiro, rolo de um lado para o outro sentindo o toque daquelas mão que não existem, angustia e torno a gritar. Já nem tento chorar, não consigo.
O vazio, o suor, a saliva, o gosto amargo na boca.
Olhos semi-abertos, nada vejo, nada sinto além do algodão que insiste em roçar junto a minha pele causando uma alergia viciosa.
Tento sentir, tento falar e expor com gravidade tal lamúria, mas nem voz eu tenho.
Caio e rolo rente ao chão, tento me esconder e tua falta me persegue.
Me afogo em meu eu, já não consigo escapar.
Um grito novamente, quase seco.
Mergulho na escuridão que me aflige e chamo teu nome.
Imploro por uma nova dose de teu ser, uma outra carreira e nada mais.
O cheiro do tabaco, a psicodelia de um doce.
Xingo, blasfemo, já não tenho mais fé.
Indelicado, insensível, solitário.
Ah solidão, por que acabas comigo?
Deixe-me ingerir uma última gota do teu sangue, um último suspiro de prazer.
Estou completamente, inexoravelmente viciado em você.

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Yesterday


A disputa foi árdua, por apenas três dias de diferença meu pai perdera a aposta e por conta disso meu nome nem de longe foi Jude.
Marcos Paulo, apenas um ator de uma novela brasileira qualquer. Meu pai não se dava por vencido tão facilmente.
Digamos que a primeira frase que ouvi foi um HEY JUUUUDE acalorado enquanto ele me segurava pelos braços erguidos na sala de parto.
Foi paixão a primeira vista.
Nasci quieto e calmo demais, como aquela canção e assim permaneci naquele colo peludo, com lágrimas caindo sobre mim.

Os dias que permaneci no hospital por conta do meu corpo fraco demais e todas aquelas doenças foram sufocantes. Se ao menos tivesse alguma música... Gosto de acreditar que em algum canto daquela maternidade havia alguma enfermeira apaixonada cantarolando, here comes the sun little darling.
A segunda vez que vira meu pai foi reconfortante, cabelo comprido, barba longa, um típico hippie suburbano cantarolando Imagine.

As primeiras lufadas daquele ar pesado que invadiram meu ainda frágil pulmão me pôs a chorar.
Mama se desesperou achando que a insuficiência respiratória pudesse ter ressurgido.
- Relaxa Lucy, eu sei do que ele precisa. - papa esticara a mão tateando o porta luva daquele fusca, acredito que vermelho, e tirou de lá uma fita k7 e pôs Beatles top ten pra tocar.
- Sai dessa! Não será uma música de um monte de drogados que acalmará meu filho. - duvidou mama - Aliás, meu nome é Lúcia.
- Eu sei Lucy. - Mesmo de olhos fechado eu pude sentir aquele sorriso sarcasta abrindo em sua face.
Hey Jude, don't make it bad... e eu me acalmara.
Papa apenas largou aquele sorriso de escárnio que o pequeno saberia muito bem como usar em sua juventude.
- Neeeem pense nisso, o nome dele será Marcos! - esbravejou minha mãe.

Meu velho já não se preocupava mais com isso, tinha a certeza convicta de que ali ao lado dormia sua cópia perfeita.
Irônia, sarcasmo, os mesmo sonhos, os mesmos amores e Beatles.
Só não podia imaginar que aquele pequeno seria bem mais apaixonado e sonhador do que ele próprio jamais foi.
Ali dormia outro Beatlelado.
Sorria satisfeito com as mãos no volante, cotovelo no vidro abaixado, cabelos ao vento. Ele sabia que antes mesmo de sair daquele carro, eu já sabia o queria ser quando crescer.

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I am the Walrus


Deveria ser um dia claro como qualquer domingo de verão. Aprisionado na escuridão de minha própria loucura, nunca tive certeza de como andava o tempo naqueles dias sempre sombrios.
Na verdade não tinha mais certeza de nada na vida, mal saia daquele quarto fedendo a mofo, escuro, irreal. Minha verdadeira fortaleza de solidão.
Pensava em tudo e no nada, no nada principalmente, naquilo que estaria por vir.
Sem o conhecimento do desconhecido a morte aos meus olhos, parecia algo adequado.
Chorava e chorava sem ter mais o por quê.
Abandonado por quem deveria se dedicar estava fadado ao declínio, precisava daquilo.
Não acreditava em fé, futuro ou esperança.
Preparei o palco, escrevi o roteiro o ator já estava pronto.
Arma carregada, um coração desolado e uma música de fundo, there's not you can do that can be done... all you need is love.
Ah, isso não cola mais.
O clima estava perfeito para mais um suicídio.
A verdade era que eu nunca fora corajoso ou covarde o suficiente pra puxar o gatilho, mas aquilo era tentador demais, a imagem do meu sangue jorrando pelo tapete seria o drama ideal.
Poolls of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind, possessing and caressing me... mais possuíam do que acariciavam.
A tristeza dilacerava toda a esperança que restava.
Hey Jude refrain, don't carry the world upon your shoulders, na na ra na na na na na .
Too late, arma apoiada na garganta, dedo no gatilho, lágrimas nos olhos.
Let me take you down 'cause I'm going to Strawberry Fields... é, não poderia morrer sem escutar essa música pela última vez. Queria antever novamente o local pra onde eu iria, nothing is real and nothing to get hung about. Strawberry Fields forever, Strawberry Fields forever, Strawberry Fields forever... estaria em Strawberry Fields, pra sempre.
Meus dedos pressionaram, e o clic seco se fez,. téc, téc, téc.
Uma, duas, três vezes. E o disparo.
Fui jogado pra atrás e mergulhei numa espiral descendente.
O ato acabara, a platéia aplaudia, as cortinas fechavam.
Estava morto, e feliz.
Escuro, escuro, escuro até aquele ponto e a claridade se fez.
Estudei aquele rosto perfeito com meus olhos cansados, havia o nariz longo, o cabelo desgrenhado. Poderia ser Jesus se não fosse aquele óclinhos redondo. Era melhor que Jesus, era Deus, ou melhor, o MEU Deus Lennon como sempre imaginara que ele fosse. Bem ali ao alcance de minhas mãos, estiquei-me e senti uma corrente de energia que envolvia meu ser, um fluxo tomava conta do meu corpo e me afastava daquele momento mais que perfeito.
Meus pulmões se inflaram de ar e tudo se foi.
Tudo ali era branco, anjos brancos sem asas rodiavam meu corpo sem vida.
Aos poucos o que me restava de consciência voltava. A lucidez, se é que isso existe, foi injetada de volta ao meu cérebro.
Mama, papa e a vida, eu estava vivo.
A bala nem sequer me feriu, eu estava ali, intacto, a salvo.
Apenas um desmaio causado pela má alimentação - dizia um médico.
Não, eu queria me matar, e consegui. - tentava dizer.
Ninguém acreditou nos detalhes de tudo aquilo o que vira, afinal, ninguém acreditaria numa criança de 10 anos alienada, suicida.
O fato é, por mais que digam que fora apenas uma ilusão, eu sei o que vi, e se aquilo não era o paraíso, já não sei mais quão bom o paraíso possa ser.

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Harmonia/Desordem


Diariamente ele via passar carros e burros ao redor da calçada. Prensado naquele mosaico era mais do que um simples pedaço de vidro, era harmonioso.
Cantarolava as 6 here comes the sun, little darling, as 18 now the sun turns out his light good night sleep tight, não dormia nunca.
Via sonhos, medo, conversas de amantes, não amantes, amados.
Não-me-deixe-não-me-deixe e lágrimas.
Lá se vai, não parou, filho-de-uma-puta tomara que bata. Tentava entender.
No chão um chapisco sem cor, buracos molhados, lá do alto era quase deus. deus com um dê minúsculo mesmo. deus objeto, deus obtuso.
Ouvia sinos, lampejos e o cheiro do incenso do lado de dentro.
Amaivos-uns-aos-outros; a-verdade-vos-libertará.
Assistia aquelas cenas grotescas de homens ajoelhados, crianças de pé, aquela baba nojenta.
Jamais ouvira a verdade vinda do lado de dentro.
Preferia o outside, ali existia vida, verdades, desejos.
Corre-corre-SOCORRO-corre-corre.
Eu quero o emprego eu quero o emprego eu quero o emprego.
Sorriso nos rostos, ombros caídos.
Cansaço e luta.
Bolsas, pernas, pernas, muitas pernas. Correria.
Cartazes, gritos, sirenes.
Vermelho-azul ofuscavam seu vitral, veraneio vascaína vem dobrando a esquina.
LI-BER-DA-DE-LI-BER-DA-DE.
Aquele pedaço de vidro rígido não entendia como alguém que podia se mover desejaria obter mais liberdade.
BUM! Explosão e fumaça, fumaça, fumaça.
Corre-corre-SOCORRO-corre-corre.
Estouro.
Outro estouro.
E o estilhaço.
Aquele pedaço de metal vinha em sua direção em câ--me--ra--leeen-ta.
Sentiu-se desligado de seus irmãos e caia, caia, caia.
Tentava gritar e nada saia.
Nada, nada.
Um clac seco se fez ouvir no meio daquela confusão toda.
Enfim o nada.
Ninguém deu bola, apenas mais pedaços de vidros no chão, pisoteados, sujos, não mais completos.
Corre-corre-SOCORRO-corre-corre.
E lá se foi outra vida destruída por toda essa confusão matutina.
Amaivos-uns-aos-outros.
Sino.

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sábado, 4 de setembro de 2010

Infinito


M: eu te amo.
H: quê?
M: eu te amo.
H: ahn?
M: eu disse que te amo.
H: Isso entendi, mas por que?
M: você faz com que eu me sinta bela.
H: você é bela.
M: é por isso que te amo.
H: porque?
M: por isso.
H: por se sentir bela?
M: não, por você dizer que sou bela.

H: então não me ama.
M: quê?
H: então não me ama.
M: ahn?
H: disse que não me ama.
M: isso entendi, mas por que?
H: você apenas ama a si própria quando está comigo.
M: e isso é ruim?
H: não, mas você não me ama.
M: talvez eu ame o que eu amo em você.

H: quero terminar.
M: você não me ama?
H: não.
M: porque?
H: porque eu amo apenas a mim mesmo quando estou com você.
M: e isso é ruim?
H: não.

M: está terminando por que não me ama?
H: não, é por te amar que estou terminando.
M: quê?
H: eu te amo.
M: quê?
H: eu te amo.
M: ahn?
H: eu disse que te amo.
M: isso entendi, mas porque?
H: você faz com que eu me sinta especial.
M: você é especial.
H: é por isso que te amo.

(ad infinitum)

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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vergonha


Argh, toma vergonha moleque! Tomei aversão a suas atitudes.
Meu autor me desonra, contradiz tudo o que ele próprio escreve, é de uma hipocrisia caótica, vergonhosa, toma jeito rapaz.
As vezes sinto vergonha de ser o eu lírico teu.
Vive escrevendo sobre amor, ter amor, falta amor e sentir que é bom, nada.
Está cego, procurando no outro o que não encontra em si próprio. Perda de tempo.

Londres, Paris, Bognor... Nenhum lugar te fará se sentir em casa se você não se sente bem consigo mesmo. Não adianta fugir.
Você pode continuar rodando esses quilômetros que se orgulha em rodar e vai continuar assim, sozinho. Isso mesmo S-O-Z-I-N-H-O.
Ou vai mentir pra si mesmo como sempre faz e vai acreditar que tem alguém?!
Não tem. Nem amigos, família, amores. NADA. Sua vida é vazia.

Esses óculos escuros que usa agora servem apenas pra esconder o vazio dos seus olhos, sem paixão, sem objetivo. Não existe mais brilho algum.
É tudo culpa sua, você sabe.
Nunca se importou com pessoa alguma, nunca notou ninguém. Ou até notou, os defeitos, e criticou ferrenhamente os outros, mesmo cometendo os mesmos pecados.
Olhe mais pra si próprio rapaz, não pro seu umbigo, onde mais perde esse tempo o admirando. Olhe pra sua alma, se é que ainda tem alguma coisa dentro dessa sua cabecinha inócua coberta desses cachos tão desajeitados quanto você mesmo é.

É tão pobre de espírito, egocêntrico, egoísta.
Teve tudo na vida, uma casa, família, futuro e a admirável esposa.
Ah sua esposa!
Não suporto nem pensar na hipótese de que tente escrever sobre ela, que lhe dedicou a vida e recebeu nas costas o punhal gélido do egoísmo. Acha isso bonito? Se orgulha?
Cadê sua humildade, meu caro?
Armado apenas de orgulho e egoísmo tu não vai à lugar algum.
Tua vida vai desalinhar, desbotar, se e-s-g-o-t-a-r.

Mesmo eu sendo sua obra, seu orgulho, o motivo por ter tudo o que hoje pôde ter, acredito que mereça tudo isso e mais um pouco.
Tem colhido o que plantou.
Vai com calma, autor.
Largue essas demagogias e discursos ensaiados, eles pesam no coração dos outros que acreditam que você é realmente essa pureza que aparenta.
Eles se sentem sujos, S-U-J-O-S. E não percebem que quem tem espalhado a sujeira é você com essa língua e hálito amargo de quem não tem o que quer.

De tão covarde, inventou seu próprio universo e não permite ninguem entrar.
Onde quer chegar com isso?
Tatuou em si próprio ideais que não segue. Bicho cego, sem amor, sem vida, sem rumo.
Isso mesmo, parasita, SEM RUMO.
Acorde e cresça, não me faça odiar aquilo que você já odeia.
Odiar a si próprio é seu maior lamento, a solidão seu pior castigo.
Uma prisão solitária esse seu mundo.
Seus talentos de tão belos se tornam cruéis e inúteis nas suas mãos.
Largue a merda dessa sua vidinha sem sentido, use-os para o bem.
Perde oito horas do dia se vendendo pra um escritorzinho que detesta.
Trabalho dias por um salário que não emprega nada bem.
Trabalhe de verdade, homem, em algo útil.

Vida de luxuria e prazeres só te levam a abismos mais compridos. Suas putinhas sentem vergonha de si próprias depois de receber o desprezo que você não lhes poupa. Já pensou nisso?
E se fosse você o conquistado? E se fosse você quem se sentisse abandonado no quarto de uma menina?
Foi isso, né? Por ter sido abandonado, acredita que todas as meninas do mundo devem pagar?
Esse pau seria muito mais agradável se fosse o teu coração que o fizesse subir.
Pare pra pensar um pouco, porra! Adora conquistar tudo e todas e não se deixa conquistar por nada nem ninguém. Ingrato.

Largue essa caneta e comece a viver de verdade.
Ruborize essa cara rude, dura, amassada, pelo menos uma vez na vida, não é ruim, acredite.
Seja humano pelo menos por um dia, você pode gostar.
Apegue-se a algo mais real.
Ah desgraçado! Tudo o que lhe digo está entrando por um ouvido e saindo por outro. To perdendo meu tempo aqui. Pro inferno com suas ideologias mortas.
Deixe-me ir logo, antes que o cheiro podre do seu coração me envenene.
É pior que enxofre, estou quase vomitando.

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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Abismo


E se eu não puder amar, qual o motivo de existir?
A gravidade me suga, meus ideais são irreais ao extremo.
Expectativas servem apenas pra você se espatifar, e perceber que a realidade é bem pior do que imaginava.
Eu prefiro sonhar, acreditar que em algum lugar, em algum universo paralelo eu sou uma pessoa feliz.
Realização profissional de nada serve se não tenho o que amar.

Me pego pensamento na hipótese de acabar solitário, de tanto exigir o que ninguém poderá jamais suprir.
Ninguém é perfeito, eu deveria entender. Falha é humanidade.
Nem consigo mais chorar, no meu peito a dor é lacirante.
Lamentações agridoce já cansaram de escorrer.
Estou cansado.
A busca tem sido infrutífera.
Ninguém pra dividir, ninguém pra compartir.
Somente o vazio.

Eu faria qualquer coisa pra amar novamente.
Me peça as estrelas do céu e eu iria buscar.
Me peça imortalidade e eu daria a você.
Qualquer coisa.
Não existe um preço que eu não pagaria por apenas mais um segundo deste sentimento consolador.
Eu definitivamente não desejo passar o resto dos meus dias não sentindo nada.

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Gravidade


Primeiro veio o choque, a certeza do pior.
Por segundo o devaneio, que não sabia se acreditava ou não.
Era real, nada provara o contrário.
Seis dons, talentos das trevas.

Pior do que cair, insisti em voltar.
Não sei se subir, ou tudo isso rebaixar.
Hoje devo ser bom, improvável argumento.
Fui criado pra esculpir, em meu corpo o mandamento.

Sem luz, jogado à trevas.
Forrado a aço e enxofre.
Sem asas, negro, quase sombra.
Legiões, falanges, me assombra.

Dos sete, devo dez.
Curo e leio, destruição e loucura.
Psicopatia, sociopatia.
Não enxergo mais a luz.

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Luxuria


Isso já não faz tanto sentido pra mim. Sexo por sexo é tão grosseiro.
Não compensa esse prazer elétrico, superficial. O vazio que vem depois é avassalador, me faz querer afundar no travesseiro e não retornar nunca mais.
Me sinto vencido por meus instintos, me castigo castigando a outra.

Acordar ao lado de qualquer anônima é superficial.
Beleza que sai com água, chega a feder no final.
Me sinto sujo, usado.
Já não serve mais pra mim.

Não consigo abraçar, nem fingir contentamento.
Me isolo, tornando-me distante em meu próprio quarto.
Templo açoitado, invadido por estranhos.
Não te uso mais.
Meus instintos sem meu coração são animalescos. Não sou mais ignorante.

Luto contra o desejo, luto contra a selvageria.
É perigoso, destrutivo.
Agora estou aqui, corroído, sem ninguém.

Eu preciso sentir antes de tocar, querer antes de desejar.
O não preciso, apenas quero não é mais suficiente.
Não faz meu estilo nem nunca fez.
Aversão, egoísmo.
Partir, sem repartir.
Chega!

Eu te controlo, corpo, não o contrário.
Não te quero mais, desejo. Só me fazes mal.
Antes de me entregar, quero do amor não duvidar.
Mente antes da carne.

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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vazio


A paixão pode ser cruel quando ausente.
Não existe nada no momento que me tome a atenção, e me faça sonhar.
Um vazio toma conta do meu ser.
Um buraco negro me suga tudo o que recebo de bom.
Sem amor, estou praticamente morto.
Como um poeta, necessito de sentimento, não existe nada mais mortal do que não possuir paixão alguma.

Eu queria apaixonar-me, já não sei como.
Se existisse uma fórmula, iria expor com tamanha gratidão, pra que assim tu pudesse usa-la e prender minha atenção.

Continuo andando por aí invadindo todos os olhares.
Paro em todos os sorrisos e nada me inspira.
Você se foi, amor, parece que nunca mais irá voltar.

Chega de lamentações, chega de desinteresse.
Estou cansado.
Reacenda coração, volte a sorrir.
Sem você sou apenas mais um.
Onde está meu grande amor?

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Penitência


Aquele toque implorado,
Foi de longe minha dádiva.
Bem aqui, eu lhe imploro.
Rescrevendo a história trágica.

Estiquei em sacrifício,
o meu pulso pecador.
Vamos logo, tenho pressa,
Já não temo mais a dor.

Dois ferrões esbranquiçados,
Perfuravam minha pele.
Dor lacerante, prazerosa,
Vamos pare, não me vele.

Já não tinha tanta graça,
Ansiava pelo fogo.
Nada sinto em tal couraça.
Não previa o desafogo.

Acordei, estava bem.
No meu pulso, a dormência.
Nem mais vivo, nem tão morto.
Começara a penitência.

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Perecível


És tão linda.
Tão frágil.
Como porcelana, prestes a espatifar.

Tua vulnerabilidade é o que me atrai.
Saber que a qualquer momento tu podes não acordar chega a ser prazeroso.
E cruel.

Colocaria-te numa redoma de vidro.
Tornaria-te parte de minha história.
Recriaria-te a cada dia.

Desejo que te tornes eternamente minha parceira.
Que divida comigo minhas visões de horizonte, sóis poente.
Memórias não vividas, te entrego.

Toda atração que me prendes, tende a me afastar cada vez mais.
Como um produto perecível, temo teu prazo de validade.
Me tomo novamente à solidão.

Pessoas pelo mundo, meu bem, as vezes nascem solitárias.
Sou uma delas.
Toda minha partilha é datada, falida.

Nada pode ser feito, o fim sempre chega.
Destino previamente traçado.
Regras do jogo.

Aproveite o amor enquanto é teu.
Aprecia a mortalidade.
Faça bom uso do tempo que lhe resta, e não se prenda.

Saiba que estarei à teu lado.
Um dia tendo de ir.
Hoje sou teu, meu amor, amanhã nunca sabe.

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