Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Carbono 14


Enfim terminei a leitura cansativa que me prendia à Precisamos falar sobre o Kevin. Um livro desolador que me fez refletir penosamente o risco da paternidade precoce, mal planejada.
A história baseia-se nos relatos de uma mãe que busca por respostas sobre o que levou seu filho a tornar-se um assassino.
Toda aquela angústia da aversão sentida por ela desde o nascimento, até a recusa dele pelo seio materno é comovente. É possível sentir pelas palavras todo aquele sentimento de culpa, desafeto e insensibilidade materna.
Não fora a culpa que me fez questionar meu mais grandioso e irresponsável sonho, nem tão pouco o medo de que ocorra em meu lar a desgraça que ocorre com Kevins e Richthofens pelo mundo.
Sempre existe aquela certeza que essas coisas só acontecem nas casas vizinhas. O mal reside em nós.
Vejo meu sonho com outros olhos. Antes como a resposta para a grande questão, além de conceder à outrem o afeto paternal que nunca tive.
Hoje simplesmente quero amar alguém que não se torne um dia um ex. Ex amigo, ex namorada. Nunca um ex filho. Por ordem natural, somos nós que partimos primeiro. Ou assim deveria ser.
De fato meu sonho era algo mais narcisista do que altruísta. Amar uma cópia de carbono só porque teria traços meus é o cumulo de Narciso.
Sempre quis que meu filho se orgulhasse verdadeiramente do pai que tem, recebesse meus passes de futebol americano e cantarola-se a música tema de seu nome, Hey Jude.
Isso não é amor, é egoísmo.
Percebo hoje que meu filho pode ser minha fotocópia mais desfigurada.
Pode simplesmente odiar futebol, ou Beatles. Pode até mesmo odiar o próprio pai.
Mas o que eu quero afinal, um ser carente de amor ou uma fotocópia genética?

4 Comente aqui:

Yuri disse...

ai você apertou sem abraçar, como costumamos dizer aqui no interior de São Paulo....
você cutucou justamente o ponto chave:
me preparo para ser pai! não, nao tem nenhuma menina gravida de um filho meu; é que todos os meus sonhos são construidos da premissa que terei uma familia e filhos para criar, educar e sustentar...
'e agora josé?'
nessa voce imbutiu seu drama na minha cabeça tambem...

tive sempre o meu pai dentro de casa, mas nunca tive dele o que eu sempre quis: o amor, carinho e afeto. sempre quis corrigir essa deficiencia de afeto, tendo um filho para ser o pai que eu nunca tive.

Anônimo disse...

Sempre quis corrigir essa deficiencia de afeto, tendo um filho para ser o pai que eu nunca tive. [2]
Se bem que o certo seria "mãe", no meu caso, mas eu tenho uma ótima mãe, então...
Realmente, tocou na ferida.

Anônimo disse...

Gostei de mais *-*

Larissa disse...

Eu gostei do texto, do seu ponto de vista...
Meus pais são ótimos no quesito carinho e amor, apesar de pegarem muito no meu pé pelo meu gênio.
Mas eu não tenho vontade de ter filhos, e mesmo assim fico imaginando se meu filho ouvisse funk e o odiasse beatles, eu cometeria suicídio...

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