Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vertigem


Estive no meio dos quatro vitrais, tão cético e de cabeça erguida, o bastardo invadia a catedral.
Efeito instantâneo.
Nem cruzes, nem imagens, nem o Salvador.
O que me deixou envergonhado foi a plenitude do lugar.

Um silêncio e uma paz tranquilizadora.
Em minha cabeça somente a voz de John Lennon.
Beautiful, beautiful, beautiful boy...

Tentava olhar pra cima e tudo girava.
A imensidão daquele lugar era estonteante.
Senti-me anulado.
Apenas mais um deserdado dentro daquele templo antigo.
Nem mil cópias fariam aquela paz ruir.

Recolhi-me em minha insignificância
Segurei-me em frios bancos pra não cair de joelhos naquele ritual ecumênico.
E dei por mim enfim, não estava só.
Passantes entravam e saiam como formigas operárias.
Estupefatos, maravilhados como eu mesmo fiquei entre aquelas paredes de tijolos e cimento.

Pirâmides, cores e cruzes diferenciavam os ricos dos pobres.
Bem ali no canto alguém implorando perdão.
No outro, miseravelmente uma idosa pedia socorro.
Ninguém estendia a mão.
Moedas estrangeiras caiam e caiam dentro daquele cofre de madeira e nenhuma moeda, nenhum níquel chegou a causar alergia na mão daquela senhora.
Foi deprimente.

Via-me entre dois mundos completamente desiguais.
Preso numa guerra entre o céu e a Terra não podia nem mesmo tomar partido.
Em cima do muro, implorava respostas.
Não que fosse mudar muita coisa.
Pois lá estava eu envolvido, entre turistas e mendigos percebi que não sou nada.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Julgamento


Nunca vi minha fama como algo agradável.
Não me agrada ter a consciência que existem pessoas loucas por um pouco de atenção, sedentas a criticar.
Pessoas que não conhecem e julgam pelo que ouviram.
Tratam-nos como se tivessemos a obrigação de ser perfeito, digno de idolatria.
Não sou, não fui e não serei tudo isso que esperam de mim.

A fama é um monstro.
Um ser medonho e agourento que nos persegue diariamente.
Meu caráter é o que me mantém vivo.
Fama nada mais é do que idéias que pessoas desconhecidas possuem de você, caráter é quem você é. Uma outra história.

Gostaria que não julgassem por quem fui, mas pelo que sou.
Que ao menos se ponha no direito de conhecer, e por ter essa oportunidade, que julgue com mais zelo.
Não tire conclusões precipitadas.

Já perdi muito nisso tudo. Amor, paciência e paz.
Falsas imagens ancoradas na cabeça de estranhos, não é o que sou.
Não quero ser assim.

Sou uma pintura no seu mais simples formato. Sem retoques, sem escrúpulos, em sua forma mais clara.

Não desejo que amem pelo que pareço ser, sou muito mais do que sorrisos e apertos de mão.
Sou lágrimas, angústias, sonhos e esperança.
Um ser humano tragicamente comum.
Com problemas iguais aos seus, inundado de sentimentos.

Não seja criterioso com os outros, não gostaria que fossem tão criteriosos com você.
Não tenho a prensunção de que possa me entender, eu mesmo não me entendo, mas que perceba que estou tão perdido quanto você nesse mundo perigoso.
Nos mesmos labirintos assustadores e cheios de mistério.
E sinto muito medo.

Tão semelhante e ao mesmo tempo tão diferente, eu sei.
Não critiques demais.
Sou apenas mais um.
Sou igual a você.

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

God hates us all




É engraçado como um segundo pode decidir nosso destino.
Palavras mal ditas, palavras não ditas.
Todo o tormento de apenas um ato, um ato falho, inseguro, instintivo.

Animais, somos todos animais, aceitando o fato ou não.
Somos previsíveis, manipulados constantemente, infelizes.

Somos naturalmente caóticos.
Criamos nosso próprio fracasso quando tudo está em paz.
Precisamos disso.
Precisamos de drama pra viver, de tragédia pra dar sentido a toda atrocidade que é estar vivo.

Nunca fez sentido.
Se pudessem lhe dar um sentido a sua vida, bastariam apenas três palavras para que o sentido se perdesse.

Você não é destinado a ser feliz.
Não possui livre arbítrio.
Isso é ilusão.

Seres de cordas, manipulados por mãos invisíveis num palco sujo e apodrecido é isso o que somos.

Deus te odeia.
E te faz sentir culpa por algo que ele mesmo criou.
Se conhece teu fracasso, por que diabos o uniciente não estala os dedos e te torna feliz?

Somos apenas fezes de uma entidade que se diz perfeita.
Uma entidade vaidosa e sádica.
Nada mais do que marionetes num jogo sujo pelo poder.
Peões, instintivamente inclinados ao fracasso.



Ninguém está satisfeito, nunca.

I can’t get no satisfaction.


Queremos sempre mais e mais e mais e quando damos conta, morremos sem nada sob uma terra tão podre quanto você mesmo se tornará um dia.
Vermes.

Deus ou seja lá quem for, nos dá a perfeição por um segundo somente para ter o sádico prazer de tira-las de nós em seguida.
Um minuto.
Um minuto de perfeição e nos damos por satisfeitos.
Um minuto da perfeição é tudo o que teu criador guardou para você.

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domingo, 7 de novembro de 2010

Mãos dadas


Certas vezes tentando antecipar ou mudar radicalmente nossa vida, acabamos por tentar afastar aquela pessoa que sempre esteve ao nosso lado quando mais precisamos.
Descontamos todas as nossas frustrações em quem sempre esteve ali nos mantendo de pé.

Vejo casais que se amam realmente lutando contra si mesmos, desvencilhando-se uns dos outros por motivos fúteis, ridicularizados.
Pensam em jogar tudo pro alto e propagam tal blasfêmia aos quatro ventos como se não se importassem com o futuro que está por vir.
Isso me dói um pouco às vezes.
Perceber que o amor deles está ali, vivo, um pouco tímido na maioria das vezes, mas ainda forte. E o egoísmo tenta tomar seu lugar.

Amigos, se eu pudesse dar apenas uma dica aos que possuem a pessoa amada a seu lado, seria essa: Valorize esse momento, você nunca estará tão feliz.
Nenhuma sensação de liberdade, falsa liberdade, estará ao teu lado quando você estiver chorando.
Nem mesmo a vida promiscua fará você sentir-se melhor.
A fama é uma farsa.
Ser invejado por todos nem sempre é bom, você não vai querer sentir o arrependimento depois, e irá sentir posso lhe garantir.
Valorize-se valorizando-a.

Pode não parecer agora, mas sua felicidade depende muito da felicidade dessa pessoa. Posso lhe afirmar que ao dormir, ela será a última coisa que estará em seu pensamento e cedo ou tarde, você sentirá tanta falta dela quanto sente de tua liberdade.

Quando der por si, verá ela longe, com outro. Não porque o amor que sentia por você não fosse verdadeiro, você sente que é. Mas pelo fato de que o mundo é malvado demais, com todas essas reviravoltas ele sempre faz tu se arrepender de suas escolhas ruins.
Ame-a de verdade, intensamente, todos os dias.
E quando sentir-se fraco, perceba que é justamente aquela pessoa que sempre estará de pé a teu lado.

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sábado, 6 de novembro de 2010

Cumplicidade


Todos querem ser especiais pra alguém, agarramo-nos a isso quase como um objetivo de vida.
Ninguém quer sentir-se solitário, ou vazio.
É bom saber que tem alguém, em algum canto do mundo, que mesmo podendo pensar em mil outras coisas está pensando em nós.

Indiscutível o poder que uma pequena dose de carinho consegue exerce até mesmo sobre a pessoa mais fria.
Nos dá sentido a coisas até então sem fundamento algum.

Sempre busquei respostas para minhas tão complexas perguntas, sem saber até então, que procurava nos mais errados lugares.

Nem toda liberdade, bebedeira ou mulheres do mundo poderiam me fazer sentir como senti ao tê-la em meus braços.

A certeza de ter alguém ali a seu lado, e saber que tudo o que aquela pessoa mais quer no mundo é apenas você.

Sentir como se não existisse futuro, ou passado, como se toda a sua vida se resumisse àquele momento.

Um momento eternizado de tão belo.

O sorriso no olhar, as histórias infantis, a pureza na sua mais bela forma.
A cumplicidade e certeza que nascemos um pro outro.

Foi pra ‘quilo que nasci. Pra amar e me sentir amado.

O amor é como o oxigênio.

Por mais que lutemos contra isso, é praticamente impossível ser tão feliz sozinho.

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Fracasso


Não sei bem como cheguei aqui, nem o que me trouxe a esse lugar tão complicado. O fato é que as noites estão ficando mais escuras, os dias mais curtos. Tudo está tão fora do lugar, e inexplicavelmente permaneço parado. Não por inércia, mas por medo de onde posso chegar se tentar me mover.
Sinto que a maré está subindo e já está em meu pescoço, cedo ou tarde acabarei me afogando.

Isso não me surpreende mais. O medo parecer ter se extirpado do meu peito, e severamente me entrego a meu destino.
O mar que sempre me assombrou muito ao mesmo tempo em que me encantava, é o local onde me encontro por vontade própria.
Meus passos errados me guiaram até aqui, é parte do que sou.
Já fui feliz, já estive em completa paz de espírito. Só devia ter percebido isso antes enquanto ainda havia tempo.

Quando se tem tudo acreditamos que nos falta algo, e quando realmente nos falta algo percebemos que perdemos tudo.

É condescendente demais aceitar que somos responsáveis por nossas escolhas, e que se chegamos aqui, na solidão em que nos encontramos, somente podemos culpar a nós mesmos.
Está acima do bem e do mal.
Não existe o certo e o errado quando não temos tantas escolhas.
Nossas atitudes do momento são as melhores ferramentas que podemos usar, talvez as únicas.

Fui escravo do meu amor pelas mulheres, e somente por ele me deixei guiar.
Não fui cruel ou estúpido quanto aparento.
Quando estamos sendo guiados por algo tolo como nossas paixões não temos tantas opções.
Não espero que me julguem pelo mal que fiz, mas pelo mal que tentei evitar.

Sou um ser naturalmente fraco, tolo e estupidamente inocente.
Como uma criança em véspera de natal, ansioso, me preocupei tanto com amanhã que acabei esquecendo do hoje.
E agora me encontro aqui, com a corda no pescoço.
Sobre uma cadeira bamba prestes a cair.
O vento está forte.
Não quero cair, não quero morrer.

Do nosso destino, meus caros, não temos como fugir.

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mergulho II


A felicidade brinca contigo, ela se mostra por alguns segundos, como se quisesse provar sua existência e tu te esconde.
Nesse eterno jogo de puxa-empurra, acabo ficando sempre para atrás.
A cada nova aparição eu me agarro ferozmente, como um sedento desesperado agarrar-se-ia a gotas de chuva em pleno deserto.
Assim como tal agua que cai, chegou de repente lavando minha vida. A segurança camuflada em momentos sublimes me trouxe de volta e se vai novamente.

Fui vitima do teu mesmo jogo de azar que outrora causara o desafeto.

Antes de vitima, me considero o culpado.
Culpado por ter me permitido mergulhar cada vez mais fundo no teu mar.
De ter caído novamente nas garras da tua voz.

A sensação é piedosa.
É horrível saber que não se pode tocar aquilo que estava ao alcance das mãos.
Saber que um dia teve o conforto, e se ver agarrado ao vazio.

Vazio sim, mas não inócuo, eu queria-te como uma criança deseja o impossível, como a lembrança de um sonho bom, com o barato do oxigênio.

A coisa mais importante...


Tu te afogas na mesma poça que não moveu nem sequer teu pequeno moinho vermelho.
Trocando tudo por nada, o prazer duvidoso pelo martírio tão certo.
Não te julgo ou condeno, em sua pele talvez pensasse o mesmo, na verdade pensei, estive aí e saí derrotado.

Rezo para que acredite no ídolo de ouro tão ferrenhamente quanto o idolatra.

Torço para que tenha fé no Deus que eu mesmo não tenho.
Torço para que pense em mim quando só lhe restar solidão.
Que perceba o quão tola está sendo ao pedir punição.
Espero que não coma, que sinta meu cheiro em teu alimento, que despreze os conselhos que lhe dou para que somente assim tenha saudades do que um dia lhe foi caro.

Espero que nessa tua liberdade almejada, tu te encontres então.
Mas que saiba de antemão que procuras em vão.


E fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparada atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheia pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o meu jeito exato, em algum cheiro estranho o meu cheiro preciso.


Permito me usar de frases do mestre para que possas aprender tal como aprendi, que se o Deus da liberdade existe Ariel, ele se chama solidão.

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