Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Melancolia


Eu queria poder escrever quando me sinto bem.
Queria chegar aqui e expor algo mais do que tristeza e solidão.
Ás vezes me canso aqui tentando digitar palavras alegres, boas memórias, e simplesmente não consigo.
E a vontade de escrever se vai trazendo consigo um desconforto indescritível.
O fato é que vivo intensamente cada sentimento, e me dedico a extirpar a tristeza compartilhando-a com vocês.
Tristeza é tudo o que escrevo.
Não deixe-se acreditar que escrever pra mim é algo fácil.
Escrever é cansativo e doloroso.
Cada palavra que busco tem um significado profundo, cada ponto, vírgula e até mesmo os pingos nos i estão de certa forma lotados de sentimento.

Comecei a escrever como terapia.
Uma terapia narcisista que visava me fazer acreditar que era bom em alguma coisa, nem que essa coisa fosse escrever um mundo fantasioso.
E percebi que isso era fácil demais.
Tornou-me um vício.
Criar um reinado completo no qual somente eu possuía o controle era meu hobby.
Antes nojo, conhecendo pouco ou nada sobre a vida, fantasie tanto que tornei tudo aquilo real.
Me encarcerei nesse mundo acreditando que aqui seria imune a todos e a tudo que pudesse me incomodar.
Necessariamente eu me isolei.

Permitam-me dizer que o isolamento foi necessário, eu precisava me encontrar.
E consegui.
Mas não foi sobre um trono e vestes reais que me vi.
Encontrei-me amordaçado num quarto escuro de mim mesmo, trancado, usava uma máscara de ferro.
Desesperado sentia fome, frio e medo.
Medo de ser encontrado, medo de ser descoberto.
Meu medo maior era de me deixar descobrir que eu era exatamente tudo aquilo que eu temia ser.
Um ser humano nu, jovem e extremamente ignorante.
Eu me achava demais.
Quando se é jovem e se tem tudo o que quer você se acha o maioral.

Nesse meu mundo eu era rei absoluto.
Ao redor de mim, via as pessoas como súditas, fossem elas quem fossem.
E por ser rei acreditava que devia agir como tal.
Olhando para atrás, me vejo com um profundo desgosto.

Esse meu mundo era fechado.
Ninguém saia, ninguém entrava.
Por mais que estivesse rodeado de pessoas, meu reinado foi solitário.
A arrogância e a presunção tomaram conta de mim por todos os anos de reinado.
O egoísmo chegou no momento mais inoportuno.
Como um auto desafio me destronei acreditando que o trono era meu, que eu tinha o poder de tomá-lo de volta a hora que quisesse.

Me decepcionei.
Obrigado, voltei a escrever e por fim percebi que primariamente sou um escritor melancólico.
E como escritor melancólico, tristeza é a única coisa que lhes posso oferecer.

4 Comente aqui:

Anônimo disse...

Que texto incrivel! Me indetifiquei demais. Poucos pessoas deifiniriam também tudo isso como você fez.Parabéens!

Juliana Guimarães. disse...

Fantástico.
Adorei o texto e, aliás, obrigada por saber traduzir tão bem esses sentimentos; ótimas palavras, ótima colocação.
Você tem esse dom e sabe usá-lo muito bem.

Juliana Guimarães. disse...

Fantástico.
Adorei o modo de como você abordou as palavras e, aliás, obrigada por saber fazer isso tão bem.
Você tem um dom pra escrever e usa muito bem.

Fabio Marayo disse...

Me identifiquei muito com a parte do texto que fala sobre ter medo de ser o que nao quer ser... Por muitas veses na vida, me vi agindo exatamente do jeito que eu mais repudio, sempre tento fazer de tudo para ser diferente de tudo isso, mas nesses momentos, no meu caso, a raiva e a impaciência fala mais alto, e quando vejo o jeito que agi, me sinto super mal, vontade de me deletar e me criar denovo, para tentar agir certo, de voltar no tempo, e o pior é que só agimos assim com as unicas pessoas que não merecem, com as pessoas que mais amamos na vida... Você escreve super bem, e descreve bem o jeito que pensamos e sentimos. Parabéns Clark

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