Ariel
Deslocava-me ao vazio de preencher minha solidão. Jazia ao léu na esperança o esplendor.
Noite fria, coroada. Já não sabia onde me encontrava. Mas ali estava, querendo ou não. (é engraçado o quanto o destino é incoerente). Elogios vindo de lugar algum acalentava meu ego. Acostumava-me a ouvir comparações irreais de gente que eu nem conhecia. A vontade da partilha, não compartilhada, repousava sobre mim. Dentro de mim. Traia-me traindo minha vontade, uma ou duas vezes. Na primeira, força do hábito. Na segunda eu nem sei. Se soubesse não teria sido tão importante. O que mais nos fascina no desconhecido é o fato de desconhecer a razão. Os astros, e um sinal. Dois. Irreal. Olhos cristalinos, mal sei de que cor. Azuis, verdes? Esqueci. Enfim um caos de cores que coloria minha vida (colour my life with the caos of trouble). Um sorriso. Um contato tão próximo, quase uma blasfêmia. Apatia em retribuição, tentativa frustrava. Muitas vezes a simples menção ao "eu fico" é a resposta perfeita, crua e sincera. Despida à olho nu escondia sua vontade.
Gargalhávamos horas à fio, sob o céu de estrelas que subiam(sim subiam). Sentir-se bem por ali estar, sem ao menos estar. Inquietude pavorosa, leves toques e dois baques. Cotovelada na cara desfigura o furto do coração no momento mais oportuno. Mãos dadas. Corpos pedintes, sedentos por carinho, carentes por natureza. Tristeza. Hora de ir.
Adiávamos o parto temendo o nascimento precoce.
Na presença tornávamos um, na ausência já éramos.
Palavras vazias se cruzavam, vazias, mas cheias de significados. Éramos três ali. Três menos um.
E um beijo, dois ou três. Já não sei. Incapacidade de pensar, e isso por si só me fascinava. Levanta e anda, já é tarde. Agora era fatal, até mais. Bem vinda seja ao meu mundo, ao mundo dos sonhadores apaixonados.