O barqueiro

Nunca fui de entregar meu destino nas mãos de outra pessoa.
De esperar mais do que podem oferecer.
Passar horas do dia procurando algum sinal, algum recado.
Tentando decifrar frases, convites, palavras aleatórias.
Isso está acabando comigo.

Sou do tipo que quando recebe indiferença, retribui com a mesma frieza.
Cansei de passar tardes vazias procurando algum afeto.
Algum sinal de que ainda pensa em mim.
A resposta é sempre negativa.

Sou do tipo que quando desiste é porque está verdadeiramente cansado.
E como o soldado ferido que sou, estou novamente tentando tratar a tristeza,
Fingindo acreditar que a guerra não acabou.
Tiros são disparados, e você nem ameniza essa situação.
Não quero ficar ao relento do teu prazer.
Não quero estar ao lado de quem me vê sofrer e nada faz.
Sempre soube que me tinha por aqui, e eu continuo nessa incerteza do amanhã, catando pedaços da mobília destruída.
Uma hora tudo acaba, tudo se perde, tudo se vai.
Tristemente lhe informo que é chegada a hora.
Mais cedo ou mais tarde, vou acabar indo embora.