Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Passado


Não estou escrevendo mais uma carta antiquada sobre como és importante pra mim, isso é óbvio demais, é como se masturbar trancado no banheiro.
Isso aqui deve soar mais como uma carta de agradecimento do que qualquer outra coisa.
Talvez "agradecimento" seja pouco.
Tu me encontrou numa época complicada da vida, estava escuro, quase não dava pra enxergar.
Já não sabia mais o que queria ou procurava, estava ao relento, perdido numa noite fria e interminável.
Era como uma droga, no começo eu queria mais e mais de tudo aquilo que tinham a me oferecer, e depois vinha o gosto amargo na boca, a depressão, e a auto destruição.
Me permitia parecer uma criança sem nada na cabeça e sem nenhuma preocupação, era mesmo assim que eu era.
Talvez seja isso que eu ainda seja, uma criança.
Uma criança no corpo gasto de um herói do submundo.
Mas aí eu tive você.
Um porto seguro do qual não pretendia desancorar.
Uma fortaleza privada, de difícil acesso.
Meu anjo da guarda pessoal.
Sabe, eu me via em você.
Antevia meus filhos brincando em nosso gramado sujo, mal cuidado.
Crianças, como o pai, se atracando surradas, clamando por atenção.
E você aos gritos, chamando todos pra dentro, jantar na mesa.
Aquele cheiro de lar.
Sabe aqueles sonhos dos quais não queremos sair?
Era isso que tínhamos, um sonho real.
Um futuro, uma dádiva.
Nunca pude prometer que tudo sairia como planejavamos ou que seriamos de fato felizes.
Momentos ruins estavam por vir, eu não me assustava.
Antes de tudo, tínhamos um ao outro.
Pra sempre e nunca.

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