Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Vivência


Acredito que se tem algo que nos faça amadurecer, essa coisa é nossa vivência.
Somos produtos de nossas próprias experiências, sejam elas boas ou ruins, fracas ou fortes.

Quando saímos por aí procurando alguém pra dividir nossas vidas, acredito que procuramos uma pessoa completa ou pelo menos que tenha vivido tanto quanto nós.
Se você já bebeu, já fumou e já cometeu “pequenos delitos”, sabe muito bem que a emoção de ter passado por isso é única, e que cedo ou tarde a vontade de experimentar irá surgir na pessoa que nunca fez.
E me perdoem os puritanos, mas não se chega ao amadurecimento sem cometer algumas merdas pelo caminho.
Por isso quando me falam que bom partido é aquele que nunca fumou, nunca bebeu e tem horror às drogas, eu me pergunto: "Será mesmo?"

A vida é feita de fases.
Temos nossa infância, onde a única coisa que nos preocupa é se Papai Noel trará ou não o presente que desejamos.
Depois temos a pré adolescência, onde as meninas começam a descobrir a vaidade e os meninos descobrem as brigas.
Aí vem a adolescência e suas paixões fulminantes, misturado com a pouca liberdade e muito tempo disponível.
Logo depois a juventude e seu espírito de liberdade sem consequências, a rebeldia.
Chegam as bebedeiras, o abuso de drogas, e as experimentações.
Talvez seja a fase mais importante na formação da personalidade e do individuo na sociedade.
Logo depois nossa ideia de mundo começa a se formar com mais solidez, e já sabemos o que é melhor ou não pra nós mesmos.
Surgem as preocupações com o futuro e a procura por um emprego sólido, aqui os jovens adultos se não tiverem vivido o suficiente, começam a se perder.
Os que se salvam, montam famílias, traçam planos de aposentadoria, ou se amam ou se frustram.

Como poderia dar certo o relacionamento entre pessoas de estágios diferentes?
Um se preocupando com emprego e familia enquanto a outra quer sair pra encher a cara todo fim de semana.
Ou uma que enche a cara todo fim de semana enquanto a outra está presa em casa por não poder sair depois das 10 da noite.
Nunca dá certo.

Falando por mim, não desejo, nem quero alguém que tenha vivido pouco, ou muito mais do que eu mesmo vivi.
Já estive nos dois extremos.
Quando encontramos uma pessoa muito madura, a gente fica se esforçando pra alcança-la sem perceber que isso nunca será possível.
Não adianta tentar viver em um dia, o que a pessoa precisou viver uma década pra aprender.
Sem contar que a pessoa mais velha já tem toda uma história e você está apenas começando a escrever a sua.
Quando estamos com alguém muito mais novo, percebemos que é crueldade demais desejar que a pessoa amadureça tão depressa pra acompanhar nossa linha de raciocínio e nossos planos de vida.
E seria uma completa injustiça obriga-los a pular estágios que nós mesmos tivemos de passar um dia.

Cada fase é importante, ninguém deve pular nenhuma delas.
Por isso, se estiver procurando alguém pra estar ao seu lado, namore sim alguém mais velho, pelo menos uma vez e aprenda com ele.
Depois namore alguém mais novo, e ensine tudo o que aprendeu.
Depois caia na real, e encontre alguém que possa aprender e ensinar tanto quanto você.
Se entregue e evolua junto com a pessoa.
Escrevam suas histórias lado a lado.
Pra quando contarem suas histórias de vida perceberem que suas alegrias e tristezas foram compartilhadas plenamente.
E alegria compartilhada, é alegria eternizada.

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

De


Hey pequena sonhadora dos cabelos ondulados.
Queria poder fazer algo que aliviasse seu fardo, sua dor.
Sei exatamente como se sente, o coração bate fora do peito, a saliva parece não descer.
É tudo cinza, o tempo, as nuvens, até mesmo o arco íris.
Esse buraco negro que nos toma o chão, queima o peito e castiga os olhos.
Os raios dessa noite interminável ardem mais do que lágrimas que não conseguem nunca escorrer.

Eu queria lhe ensinar a voar.
Fazer com que borboletas reaparecessem e te fizesse sorrir.
Sua tristeza me dói, é compartilhada.
Teu sorriso é tão belo, menina.
Tuas esperanças tão puras.
Queria que ele visse o que vejo.

Esse amor enclausurado, essa confusão que tomou conta do que antes era amor.
A dor queima, dilacera, destrói tudo o que era belo.
Mas a calmaria vem pela manhã, isso vai passar.
Cedo ou tarde iremos sorrir e fazer piada do que hoje te assola.
Em algum futuro próximo ou distante beberemos chá nas nuvens enquanto crianças correm pelo jardim.
Com suas asas reconstrúidas e fortes como o mais belo raio de sol que chega ao amanhecer, transformará tua dor em literatura.
Teu desespero em promessas.
Tua lágrimas, em amor.

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Construção


Você domou meus pensamentos.
Não que isso seja tão difícil de fazer.
Sempre que aparece algo tão complexo e fascinante tenho o costume de me dedicar o suficiente pra deixar dominar meus pensamentos e tornar-lhe minha próxima obsessão.

Mas algo incrível acontece nesse minuto.
A força que exerce sobre mim é tão forte, que a mente passa a controla o corpo.
Sei que isso deveria ser o normal, afinal é assim que funciona com todas as pessoas, mas comigo não funciona assim.
Nunca funcionou.

Todos possuímos nossos próprios vícios, e o meu sempre foi a conquista.
Conquistar algo que pareça inconquistável, fazer com que a pessoa se entregue de corpo e alma à algo que ela jamais se entregaria, era minha maior diversão.
Sempre deixei meus desejos me guiarem, muitas vezes por caminhos obscuros e sem saída.
Quando sentia o cheiro da impossibilidade, meus pulmões se enchiam de um ar inebriante.
Um tipo de besta dentro de mim tomava o controle, e quando eu via, já estava com as mãos sujas de sangue.
Mesmo sabendo que me sentiria um merda no dia seguinte, eu acabava fazendo por pura fraqueza.

Você indiretamente tem ajudado a me controlar.
Inconscientemente, me pego destruindo pontes estáveis, me colocando à prova e resistindo a tudo o que antes me dominava, só pra estar com você.
Como se dissesse pra mim mesmo “Nenhuma conquista vale tanto o que ela sente, ou o que você sente por ela, não desperdice algo tão raro e belo à troco de algo tão efêmero”.

A cada prova que resisto sem a necessidade de resistir, a dúvida vai se diluindo e a certeza chega na maioria das vezes, fazendo-me até mesmo esquecer de que ainda existe a possibilidade de que volte atrás e me faça perceber que todo o esforço que fiz pra provar pra mim mesmo que é você quem eu quero foi pura perda de tempo ou esforço desperdiçado.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Blues da Piedade


Olho para vocês e vejo todo esse amor desperdiçado.
Insegurança e medo é tudo o que encontro por aqui.
Não existe mais paixão, altruísmo ou vontade de tentar.
Pode parecer assustador, mas mergulhar de cabeça às vezes faz bem.
Só não é feliz quem não tenta.

A felicidade não está tão longe de suas mãos.
Ela está nas coisas mais simples e bobas.
Não adianta tentar complicar tudo com medo de se fuder depois.
Geralmente é por medo de acabarmos sozinhos que nos tornamos pessoas solitárias.

Eu vejo vocês deixando de amar, desistindo de tentar por tão pouco.
Se parassem um pouco de procurarem problemas onde não existe, seriam de fato felizes.
Mas preferem se agarrar ao drama, a dúvida e ao rancor, e acabam assim, sozinhos,
enquanto o que mais desejam é estar ao lado daquela pessoa tão bela.

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Lembranças


Se você gosta de alguém, diga.
Demonstre tão cedo quanto sentir.
A gente nunca sabe quando essa pessoa irá partir de vez.
E quando ela se for, talvez você encontre seus diários e perceba que no fundo ela queria ficar, que uma frase sua, um gesto ou movimento poderia ter mudado tudo.
Você vai chorar, e vai sentir falta dela.
Mas vai ser tarde demais.

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sábado, 3 de dezembro de 2011

Desde que o Samba é Samba


Algumas pessoas culpam as comédias românticas pelas expectativas frustradas.
Eu culpo o rock britânico, o "triste rock britânico" citado em (500) dias com ela.
Não que eu não escute, eu escuto e adoro brit rock.
Mas os Beatles que me perdoem, na tristeza eu prefiro o samba.
O samba existe para nos fazer sorrir, não existe samba triste.
Como disse Caetano:

"O samba é o pai do prazer,
O samba é o filho da dor,
O grande poder transformador."

Faço das palavras dele, as minhas.
Estava aqui deitado, num quarto escuro me sentindo low, quite low.
Pensando nela e em tudo o que ficou para atrás.
Ao fundo tocava Let it be, e nossa, nunca antes havia parado e 'sentido' essa música.
É tão triste e melancólica.
Mais melacolia era a última coisa de que precisava.
Coloquei no Shuffle todos os meus albuns, e como se entendesse exatamente o que sinto,
Cartola falou por mim:

"Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre.
O meu sorriso é por consolação;
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração."

E em plena 3 da manhã, sozinho, eu levantei e sambei.

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Would?


O que você faria se um belo dia eu chegasse no que um dia foi nossa casa, abrisse a porta com a chave que ainda tenho, e lhe soltasse aquele sorriso torto de canto de boca que sempre lhe dava quando chegava de um exaustivo dia de trabalho?

Você me abraçaria como se o mundo dependesse daquele abraço?
Me beijaria como beijava com tanta poesia e encanto?
Correria pra cozinha mesmo com as unhas recem pintadas, como tantas vezes fez, pra cozinhar pro teu homem, teu amigo e escritor favorito?

Perguntaria como foi meu dia e o que a bruxa da Janaína tinha aprontado?
Pediria pra eu me apressar no banho pra poder assistir aquele episódio de Everybody Hates Chris que a gente já tinha assistido uma dúzia de vezes?
Se entregaria ao desejo mesmo sabendo que sua mãe chegaria em menos de 15 minutos?

Faria pipoca, me chamaria de gordo, me pediria açaí?
Perguntaria se estava afim de ver aquele filme novo que tem aquele ator estranho e bonitão que tem a barba parecida como a minha?
Sentaria do meu lado com aquela camisa da 'Guerra dos mundos' e me faria cafuné?
Pediria pra eu passar daquela fase IM-POS-SÍ-VEL do Spore?
Perguntaria: "Como é mesmo que se faz aquele macete no The Sims?" ?

Pediria pra eu cheirar seu cabelo e ir no mercado carregar aquelas bolsas enormes que sua mãe sempre pedia pra eu trazer?
Apostaria corrida no corredor da entrada do teu prédio enquanto me deixava pra atrás com aquele carrinho maldito que vivia batendo no meu pé?
Me trancaria do lado de dentro?

E se um belo dia eu chegasse no que um dia foi nossa casa, abrisse a porta com a chave que ainda tenho, e lhe soltasse aquele sorriso torto de canto de boca que sempre lhe dava quando chegava de um exaustivo dia de trabalho, você me amaria novamente?

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Eu odeio natal


Sempre me perguntam porque detesto tanto dezembro.
As pessoas me dão 50 motivos para adora-lo;
Inicio das férias acadêmicas, alta temporada para viagens,
duas semanas com feriados prolongados, muita bebida e comida de graça.
E o natal.

O dia do natal talvez seja o dia mais incerto para mim.
Eu nunca sei o que esperar.
É só desesperança, angústia, melancolia e solidão.
Lembro meus natais eram bons até meus 10 anos de idade.
Na verdade lembro de apenas de um, e por autodefesa talvez eu o tenha supervalorizado.

24 de Dezembro de 2000.
Estávamos todos reunidos como uma família feliz e unida.
Meus pais arrumaram uma farta ceia e convidaram todos os vizinhos.
Foi o auge de grana e fraternidade nessa casa.
Meu irmão ainda morava aqui com sua hoje atual esposa.
As coisas eram simples, eu nada tinha com o que me preocupar.
A única coisa que me deixava ansioso era o presente que encontraria sob a árvore colorida e enfeitada que sempre tivemos aqui.
Foi tudo perfeito esse dia.
Embaixo da árvore encontrei amor, carinho, e cuidado.

24 de dezembro de 2001.
Meu irmão já morava na casa da sogra com a esposa.
A reunião de familia aconteceu lá.
Tinha tudo pra ser um dos melhores natais da minha vida se não fosse por duas coisas.
1º Minha mãe veio me contar com a maior naturalidade do mundo que estava deixando meu pai.
2º Usou o argumento de que faria isso porque estava apaixonada por uma outra mulher.
Como se não bastasse isso, ainda veio pedir a minha aprovação, a aprovação de um menino de apenas 11 ANOS para abandona-lo.

25 de dezembro do mesmo ano.
Ao invés de brinquedo embaixo da árvore eu encontrei meu pai, em cima de uma cadeira, corda no pescoço ameaçando pular.
Com 11 anos de idade, a única coisa que você pode fazer ao ver isso é chorar.

24 de dezembro de 2002.
Campo Grande.
Longe de tudo, longe de todos.
Éramos só eu, minha mãe e um punhado de dor e miséria.
O que tinha embaixo da árvore? Nós nem tínhamos árvore.
Eu queria o meu pai.

24 de dezembro de 2003.
De volta à casa do meu pai.
Lamúrias, ameaças de vingança, um dos piores natais da minha vida.
Eu era obrigado a assistir Linha Direta sendo ordenado por ele para que prestasse atenção no que faria com sua ex mulher.
Eu queria a minha mãe.

24 de dezembro de 2004.
Bento Ribeiro.
Descobri o alcool e com algumas amizades perdidas me droguei até desmaiar.
Passei todo o dia 25 desintoxicando.
Eu queria morrer.

Em 2005 prometi pra mim mesmo NUNCA MAIS passar o natal com nenhum membro da minha familia.
É injusto ter de escolher ou meu pai, ou minha mãe.
Quando eles se reunem, eu não sei o que esperar encontrar embaixo da árvore.
O clima é tao tenso, que parece que algo vai explodir a qualquer minuto.
Natal é o melhor dia para se passar com a família, mas quando não se tem uma família, natal passa a ser o pior dia do ano.

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