Thanatos II
Uma verdade inconveniente: Você vai morrer.
Isso apavora, eu sei.
Pode ser daqui a alguns anos, pode ser daqui a alguns minutos.
É a única certeza que tenho a lhe oferecer.
A menos é claro que tu seja Jesus Cristo, aí tu pode até se matar sem problema algum quantas vezes quiser.
Saber lidar com a perda deveria ser inato no ser humano, aceitar que pessoas vem e vão.
Quem está do seu lado uma hora não mais estará.
Primeiro os mais velhos, mais queridos e doentes.
Pelo menos era assim que deveria ser.
Com essa crescente onda de desespero e pânico, somos obrigados a nos precaver uma possível perda inesperada.
Um toque da destruição inoportuna, desenfreada, pode e irá acabar acontecendo à poucos metros de você.
O que nos leva de volta ao medo de morrer.
Hoje em dia já não nos preocupa o fato que iremos morrer, e sim em quais circunstâncias.
Uma morte amaciada, instântanea e honrada é o desejo de muitos.
Eu digo que é besteira.
A morte sempre será morte independente da maneira que ela virá.
Sofreremos do mesmo jeito a perda do laço terrestre e a dor do término de uma vida desenfreada.
O que posso lhes adiantar é:
Não existe dignidade ou calmaria na morte.
Honra, mérito, pureza.
Você pode até escolher viver com esses atributos, mas nunca poderá morrer com eles.
Apenas erga a cabeça e espere.
De nada adianta acelerar ou adiar algo que tu não tem controle algum.
Relaxe.
Se a única certeza que lhes dei pôde ser dolorosa e imutável, lhes dou algo muito pior:
Algumas pessoas se preocupam tanto sobre como irão perecer, que acabam esquecendo completamente o privilégio e a liberdade de viver.