Marcos Clark. Tecnologia do Blogger.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Eu não gosto de DJ


Não gosto do apelo eletrônico, das batidas repetitivas ou do pouco caso com a poesia.
Não gosto da falta de respeito na remodelagem do que já foi feito.
Não gosto da mistura entre o velho e o novo.
Eu não gosto da parafernálha tecnológica e da discrepância entre a "falta de movimento" digital com o real significado do rock.

Eu gosto do som do velho Rock n Roll que muitas das vezes é falho e imperfeito.
Eu gosto do suor que escorre num solo de guitarra, do dedo que sangra, da garganta que dói num agudo gritado.
Eu gosto da simplicidade do samba e da poesia da MPB.
Eu gosto do violão, do batuque no boteco, das composições que refletiam o pensar.

Eu prefiro uma dança de rua a um ritmo vicioso.
Eu prefiro solos numa bateria a meros toques num computador.
Eu prefiro deuses antigos a astronautas.
Eu prefiro um show de rock a uma balada sem vida.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ouro de tolo


Aos 45 anos terei cabelos brancos representando minha maturidade, mas compridos de uma forma que me lembre o quanto fui feliz na juventude.
Terei uma coluna semanal de opinião em algum jornal grande como O globo e receberei cartas de pessoas que se identificam com todo aquele meu pensamento utópico.
Estarei morando em uma casa afastada, de madeira e com lenha, trabalhando no roteiro do meu romance escrachado que atingiu a sociedade como um tapa na cara.
Estarei lamentando o tempo que perdi, os 3 divórcios que terei nas costas, mas terei muitos quadros e fotos.
Talvez meu filho venha me visitar nos fins de semana, ou talvez ele me odeie por ter me tornado tudo aquilo que um dia detestei.
Não terei animais por não ter paciência.
Minha estante estará lotada de livros que nunca li e que não dizem absolutamente nada.
Aos 45 anos viverei de passado.
Lamentarei o presente
E estarei conformado com um futuro absolutamente só.
E mesmo só, terei uma mulher 20 anos mais nova, que logo logo se tornará minha próxima personagem principal de um romance dramático,
na qual uma garota ambiciosa se relaciona com seu escritor favorito e almeja tomar seu lugar.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O segredo


Levante e se mostre pro mundo querida, grite que minha dona é você.
A minha alma pede teu grito, já não me basta calar e esquecer.
Um dia todo teu hei de ser.
Regue meu jardim e me ensine a viver.
Amo-te e divulgo teu nome à quem tem olhos pra ver.

Basta de histórias que não precisamos saber.
Inteligente é quem sabe que é perda de tempo sofrer.
Ainda é cedo, mas já não temos tanto tempo a perder.
Logo estará tudo tão calmo ou cansado.
O que hoje é dor, amanhã se torna passado.
We know we only live once.
Agora que já sabe o que sinto, só me resta a palavra manter.
Se já descobriste o segredo, o que mais posso eu fazer?

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

De Olhos Bem Fechados


Tenho evitado qualquer tipo de assunto sobre o passado, principalmente se tratando do passado sexual.
Não por ter algo a esconder, mas por ter a noção de que a pessoa que irá ouvir jamais saberá com precisão o que foi feito e a maneira como tudo aconteceu, o que
abrirá um leque pra suposições sujas e imorais.
Esse tipo de informação não é nem um pouco útil pra NINGUÉM, muito menos pra atual namorada.

Se você pensa em ter um futuro com alguém, um conselho que lhe daria é pra que se esforce pra saber cada vez menos detalhes sobre os relacionamentos anteriores dele/a.
Querer saber detalhes da intimidade que nosso atual parceiro teve com os que passaram é cavar a própria cova.
Contar nossos detalhes é dar a liberdade pra sentirem nojo de nós.
O que foi feito, foi feito, deixe lá guardado no canto da memória, controle essa vontade de se auto afirmar e mantenha a língua dentro da boca.
Não conte e não queira saber.
Vai doer lembrar que outras pessoas já estiveram sobre aquele corpo que hoje em dia nos é tão caro.
Somos todos egoístas, sentimos essa necessidade de sermos os únicos.

Aos 15 anos, virgem, comecei um relacionamento com uma mulher bem mais velha e experiente.
Me sentia um merda sabendo que ela já tinha tido uns 8 parceiros enquanto eu ainda estava na primeira.
Em saber que enquanto só ela me teve, outros caras tocaram aquele corpo nu e gozaram num corpo hoje tão meu.
Eu sentia um nojo fodido dela as vezes.
Sei que não faz o menor sentido ter dado tanta importância a isso, mas porra, ela vivia me lembrando que tinha tido outros caras antes de mim
e que provavelmente eu acabaria querendo transar com outras mulheres que eu acabei acreditando nisso.
A frustração era tanta que eu terminei algo que tinha tudo pra dar certo só pra sair enfiando meu pau em qualquer buraco supervalorizado que se abriria pra mim.
Talvez se eu tivesse parado lá, com a mulher que me despira da inocência, eu tivesse sido feliz.

O sexo foi uma das coisas mais puras que a natureza nos deu.
Toda aquela intimidade, aquela sensação de dois corpos se tornando um por alguns instantes é no mínimo sagrada.
Ou pelo menos deveria ser.
Acontece que o ser humano, assim como fez com muitas outras coisas belas, acabou transformando-o em uma coisa extremamente suja.
O sexo banalizou de tal forma que acabou virando o produto comercial mais vendido.
Todo mundo te julgará por conta dele e sabendo disso as pessoas se esforçam ao máximo para parecerem o mais ativas e experientes sexualmente, que saem contando detalhes que deveriam ficar entre
quatro paredes.

Animais ignorantes que não conseguem controlar o próprio instinto, essa é a descrição da sociedade moderna.
As pessoas se entregam tanto ao próprio desejo que acabam esquecendo que o mundo nos cobrará cedo ou tarde por tudo o que fizemos.
E irá transformar em dor todo o prazer que nos entregamos.
Nunca parei pra conversar com ninguém sobre isso,
Mas as vezes acho que a única forma de ser feliz depois de tudo o que fiz é arrumar uma mochila, pegar um ônibus sem destino e começar do zero num lugar onde ninguém me conhece.

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Rock está morto


Na minha adolescência era tudo mais verdadeiro.
O rock estava mesmo nas ruas.
Lembro dos meus 13 anos na praça de Rocha Miranda bebendo vinho barato e discutindo sobre câncer nos hamburgueres do McDonald's.
Lá tinhamos punks, grunges, farofeiros, metaleiros e até góticos com seus sobretudos e unhas pintadas.
Tinha toda aquela sensação de revolução nas esquinas, um grito silencioso ecoava da atitude de cada pessoa vestida de preto naquele lugar.
Não existia vergonha.
Nós enfrentávamos nossos pais que muitas vezes não suportavam a idéia de ter um filho roqueiro.
Ser roqueiro naquela época era dar a cara a tapa, ser chamado de marginal e levar fama de não tomar banho nunca.
No passado a gente literalmente batia cabeça ao som de Offspring, e as baladas eram em bares sujos e mal vistos por toda a sociedade.
Hoje em dia nem mais isso temos.

As pessoas hoje sentem uma necessidade de se auto afirmarem.
Sentem vergonha de se expressar, e acabam se tornando "alternativas".
Se vestem com roupas caras e estranhas, fingem dançar cada vez mais e gritam cada vez menos.
A agressividade perdeu a vez pro glamour.
Os roqueiros hoje em dia se acham a última bolacha do pacote.
Acham que são a última tendência e estão abalando.
Perdemos toda aquela antiga sensação de liberdade.

O Rock antigamente libertava, hoje em dia ele aprisiona.

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Objetivo


Não se trata de ser um fodão, ou ser diferente ou especial.
TODOS somos iguais, não existe essa merda de gente especial.
As pessoas são diferenciadas pela maneira como vêem e sentem o mundo.
Eu sinto demais e não gosto nem um pouco do que vejo.
Não me acho superior a ninguém, e não sou de julgar.
As realidades são diferentes.
Ou você aceita a sua, ou vai acabar se odiando.
Eu odeio a minha.
Odeio porque hoje sou exatamente o que sempre quis ser. Tenho tudo o que quis ter, e agora me pergunto: "E agora?"
Segundo o mito de Platão, eu sai da caverna.
E como no mito, sou tido como louco.
Acontece que me arrependo muito de ter saido de lá de dentro, a "caverna" é segura, aqui fora não.
A ignorância é uma espécie de benção, meu caro.
E o que mais me dói é saber que com tudo o que sei e que vejo, não se pode voltar atrás.
A inocência já foi perdida faz tempo.

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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rio de Janeiro, 4 de outubro.


Eu não sei sobre o que escrever.
Passo o dia todo aqui dentro desse quarto quente esperando que alguma coisa aconteça, que alguém me ligue e me tire do tédio.
Eu me agarrei a esse tipo de esperança boba sabe-se lá o porquê, ela diz que é tudo culpa das comédias românticas.
Talvez seja mesmo.
To aqui dividindo meu tempo entre documentários de 10 minutos e pesadelos de 1 hora.
Nunca sei se meu suor ao acordar é causado pelas ondas do mar que me atacam nos sonhos ruins e por conta desse edredom que insisto em usar mesmo nos dias quentes.
Nada aqui é tão calmo quanto parece.
Minhas únicas companhias durante toda a semana têm sido meus gatos e meus medos.
Tenho tido pesadelos frequentes e to a quase 7 dias sem escrever nada que preste, nada que valha a pena ser publicado.

Fico aqui me perguntando porque meu desktop está lotando de textos e contos inacabados.
Eu sei lá!
Antigamente culparia minha calmaria, sim, estou numa paz agoniante.
Sereno.
Entediado, mas feliz.
O que tira minha paz mesmo é tentar escrever na terceira pessoa e não conseguir, é aí que me bate uma angústia...
Meu romance está parado na página 12 e tenho tantas histórias que não consigo sequer começar a digitar.
To precisando de uma abordagem nova.

Já arrumei o quarto, assisti filmes e musicais e nem assim a inspiração veio, eu simplesmente desisti.
Engraçado, meu quarto estava uma zona hoje cedo e eu me sentia bem, agora que está tudo no lugar sinto ele tão vazio...
Enfim, acabei de fazer um currículo, coisa que jurava que jamais faria em toda vida.
Me senti mal, como se estivesse novamente vendendo meu tempo e minha alma pra esse parasita chamado consumismo.
Isso é culpa do tédio.
Grana eu até consigo, mas o que quero mesmo é ocupar meu tempo.
Quero voltar no tempo.

A dois, três anos atrás costumava ler uns 3 livros por mês.
Passava horas lendo enquanto cruzava a cidade do Rio de Janeiro de ponta-a-ponta dentro de ônibus vazios e solitários.
Conhecia pessoas novas a cada anoitecer, e contava-lhes minhas histórias passionais que jamais contaria pr'um conhecido.
Eu não tinha medo de nada.
O mundo era algo estranho, tudo era vida e cheirava a novidade.
Me sentia bem conhecendo cada canto dessa cidade atormentada pelo calor e violência.
Descobri histórias coesas e lugares que me pertenciam.

Lembrando-me disso percebo que o quanto é engraçado nossa realidade.
O quanto tudo é passageiro e volúvel.
Costumava sair do trabalho ao pôr do sol e passava horas no forte de Copacabana ou na praia do Leblon fumando um cigarro e escrevendo sobre consumismo e a morte.
Escrevia sobre morte não por depressão, mas por ser um assunto ainda misterioso pra mim, eu amava a vida e cantava o amor aos quatro ventos.
Olhava aquele mar lindo lá embaixo, refletindo as luzes que as estrelas jogavam na Terra, eu achava tudo belo.
Naquela época o mar não me assustava tanto e a morte não era um assunto batido.
Hoje o mar me apavora.

A menos de 40 minutos enquanto dormia com as luzes acesas e o computador ligado no meio de um documentário sobre a vida de Renato Russo, eu apaguei.
Sonhei que estava em Angra dos Reis numa época que nunca vivi.
Como aquele lugar era lindo quando eu estava lá no sonho.
Sonhei que alguma sereia, desculpe-me a falta de um nome, pegava-me pela mão e mostrava-me que o mar não era algo tão perigoso quanto eu acreditava ser.
E realmente não era.
Aquele mar calmo na noite calma que seguia chegava a ser admirável.
Não tinha onda alguma, só o vento suave que acariciava meu rosto como se quisesse seduzir-me.
Eu me entregava àquele prazer.
Até que o tempo rapidamente mudou e as ondas começaram a se formar com uma força surpreendente.
Agarrei-me àquele ser mitológico metade mulher, metade peixe e levei sua mão a altura do meu peito, mostrando-lhe o quanto meu coração batia assustado.
Ela tentou acalmar-me, dizendo-me que as ondas não chegariam até mim.
Levei-me pela calma que sua voz suave e confiante passara.
E fechei os olhos, como quem cobre o rosto pra não ser afetado pelo mundo de fora.
Voltando a abri-los me vi como se estivesse sobre um punhado de areia no meio das águas rasas, sozinho.
As ondas batiam na costa e eu gritava por socorro.
As águas não vinham somente do mar pra areia, como deveriam vir, mas também da areia pro mar, cercando-me em todas as direções.
Desesperado fui engolido pelas ondas.
Acordei encharcado de suor.
Arfando.
Passei a mão nos cabelos molhados, e senti o cheiro de mar.
Minha pele estava salgada, minha cama estava molhada, minhas mãos cheiravam a sereias.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ópio da humanidade


Minha igreja é teu inferno,
Minha religião teu martírio,
Minha maçã, teu veneno.
Seu ideal um empecilho.

Ninguém me cria,
Ninguém condena,
Ninguém me julga,
Ninguém liberta.

Não tenho pecado algum,
Minha vontade é meu templo.
Não acredito no inferno,
Sua paz, meu tormento.

Meu salvador é humano,
Meu criador é minha dor,
Meu paraíso é um rock,
Meu mandamento é o amor.

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