Terminal
E no começo parece que nada mudou.
As lembranças estão a todo o vapor, e não damos por conta que não teremos ninguém na hora de dormir.
O sono não vem, a fome não vai, todos aconselham, mas a verdade dói demais.
O ânimo some, a vontade não passa, já não se sabe mais se chora ou se peca.
Os amigos somem, ninguém te procura, tu não procura ninguém.
Nada satisfaz, nada te alegra, nada sorri.
Mal se tira da cabeça, e a raiva nos toma.
Tentamos acreditar que é o melhor a ser feito, que amores vêm e vão.
Nossos pais aconselham, nunca damos ouvidos, é bem fácil falarquando não se tem o coração partido.
Criatividade some, dificuldades aparecem, já não conseguimos nem mesmo sonhar.
Horas a fio esperando respostas, mesmo quando nem ao menos conhecemos a pergunta.
Agonia nos toma, o sono conforta.
A lembrança é o carrasco, pensar em outra coisa é quase impossível.
O desânimo nos mata, nos toma e corrói.
As lágrimas caem, sussurros ecoam.
Não se sabe o que quer, não se sabe aonde vai, nem por onde veio.
Ela que vai, a saudade que fica.
O que era belo se apaga.
Aos poucos as palavras vão sumindo, as conversas se encurtando, até que no fim não resta mais nada.
